terça-feira, 25 de setembro de 2012

MUNDO CORPORATIVO E UNIVERSO EDUCACIONAL


MUNDO CORPORATIVO E UNIVERSO EDUCACIONAL, NOVAS CONFIGURAÇÕES ESTÃO EM CURSO
 Daisy Grisolia, Renata Roncalli e Luiz Carlos Pereira Souza
Daisy Grisolia, Renata Roncalli e Luiz Carlos Pereira Souza

O programa “EMC²” da TV ABCD, do dia 21/09, contou com a presença de Renata Roncalli, Analista de Recursos Humanos, Daisy Grisolia, Professora e Webativista em Educação e o Pró-Reitor Acadêmico do Unítalo Luiz Carlos Pereira Souza que fez a mediação do debate e trouxe à cena perguntas realizadas por internautas que acompanharam o debate ao vivo.
O tema desse debate foi a Geração Y e sua relação com a Educação e com o Mundo corporativo. Como essa ponte está sendo construída? Luiz Carlos pergunta o que é a Geração Y?
Daisy responde que a Geração Y e demais gerações (Z, Milenium etc) são termos que definem em que ponto da história uma pessoa nasceu, em que ponto da história ela entrou no mundo. E a Geração Y abarca o grupo de pessoas que nasceu a partir da década de 1980 até 1985 e que possui uma relação com a tecnologia muito diferente das outras gerações anteriores, como a geração Baby Boomer, que nasceu por volta da década de 1950 e 60 e em a tecnologia não tinha esse caráter de universalidade que possui hoje.
A geração Y nasceu em uma época de mudanças e inovações tecnológicas constantes que afetaram a economia, a cultura e a educação no mundo todo.
Renata complementa relembrando que a geração Baby Boomer é a geração que nasceram após a 2ª Guerra Mundial (1945 a 1970), quando os soldados retornaram das guerras e o mundo viveu um período de maior estabilidade econômica e financeira. O termo refere-se a uma explosão populacional - Baby Boom em inglês. Uma época em que o trabalho construía carreiras longas em uma mesma área por anos, as mudanças tecnológicas não aconteciam com tanta rapidez, havia estabilidade financeira, e os países estavam sendo reconstruídos aos poucos, assim como também as relações familiares e profissionais.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Baby_boom
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Baby_boom

Após a Geração Y foi a vez da Geração X conhecida por Workaholics, pessoas que trabalhavam compulsivamente, muito ambiciosas por status, dinheiro e que almejavam rapidamente a gerência ou presidência das empresas. A Geração Y vem depois, valorizando uma ambição por mais conhecimento, desafio, no entanto, exigindo mais qualidade de vida, tempo para a família, autonomia e sentido para cada ação tomada. São jovens que adoram trabalhar em grupo, desejam o crescimento da empresa e gostam e precisam ver rapidamente os resultados do seu esforço.
Mais do que rótulos ou moda, Daisy adverte que esses termos são constatações de mudanças importantes. Hoje o indivíduo de tem 30 ou 35 anos viveu uma época de altos e baixo financeiros e crises mundiais, inflação, etc. Então são pessoas que entendem o mundo como algo que vive altos e baixos e exige das pessoas prudência. Já o indivíduo que nasce após a década de 1980 ele viveu um período maior de estabilidade e crescimento após o final da inflação no Brasil, e que não enfrentou nenhuma grande crise mundial até agora. Então esse indivíduo enxerga o mundo com uma perspectiva de melhora constante. E talvez por isso tenha um perfil mais criativo e otimista, mais dinâmico, voltado para inovações e para o futuro.
Luiz Carlos pergunta sobre aqueles que não são nem Y nem X. Daisy responde que essas gerações são sequências de faixas etárias e não apenas pais e filhos. O período de dez anos hoje significa uma série de mudanças brutais no padrão da sociedade. E acrescentamos que as pessoas podem inovar em suas próprias atitudes e não estão presas à época em que nasceram. Não é mais exigido de nós que cumpramos um padrão de ações pré-estabelecidos e esperados de nós, pelo contrário, o que nos é exigido é justamente a mudança, a criatividade, a exploração de novas habilidades e competências.
Renata nos fala sobre algumas características da Geração Y em relação ao mercado profissional. Essa geração valoriza muito a flexibilidade, o trabalho em casa e o empreendedorismo. Qualquer espaço é um bom espaço para o trabalho e para o desenvolvimento de um projeto. Muito do que se precisa para trabalhar está na internet, então uma estação de trabalho pode estar em qualquer lugar. Muitas empresas não entendem isso e querem manter o profissional por perto, e esse cenário tem mudado vagarosamente e a tendência é que, principalmente no setor de serviços, o trabalho seja cada vez mais no estilo homeoffice.
Daisy completa lembrando que a geração de “chefes” da época baby boomer viveu o período das grandes fábricas e da sociedade industrial em que o processo cultural e produtivo se dava por meio de uma “linha de montagem”, lembrando Henry Ford, em que tanto na educação quanto no trabalho, o indivíduo seguia uma série de padrões sequenciais em que a matéria-prima (pessoas) entra no processo e sai do outro lado, pronta em um ciclo que se repete por anos. Dos anos 1990 pra cá o setor de serviços, desenvolvimento e inteligência é a área que mais gera empregos hoje em dia. Agora o músculo dá lugar ao cérebro. Essas necessidades de espaço definido, cumprimento de horários rígidos, tem cedido espaço para novas demandas em que a flexibilidade é a palavra-chave.
Luiz Carlos recebe uma pergunta pelo chat sobre como as empresas enxergam os indivíduos da Geração Y, em que a maioria dos empregadores não sabem lidar com essas mudanças.
Daisy responde que toda a sociedade toda precisa mudar, pois todos querem a criatividade, no entanto, na prática muitos preferem manter o processo de trabalho como era antes, pois isso é mais confortável, previsível, controlável e seguro. Mas quem trabalha com criatividade e inovação precisa desenvolver o novo o tempo todo e o novo não possui padrão, o novo é inventado todos os dias. Hoje temos modelos novos para celulares a cada quinze dias. O padrão agora se desenvolve conforme o andar, ele não está pronto nem estará. Como estamos vivendo um período de transição, existe um conflito natural para conciliar duas visões e dois padrões de relação entre o mundo e o trabalho.
Renata Roncalli, Luiz Carlos Pereira Souza e Daisy Grisolia
Renata Roncalli, Luiz Carlos Pereira Souza e Daisy Grisolia

Está curtindo? Quer assistir mais? Acesse a reprise do debate e conheça mais sobre a TV ABCD e o programa EMC² entre no site e acompanhe a programação ao vivo e reprises, clique aqui.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012




Coursera é empresa de empreendedorismo social que tem parceria com as melhores universidades do mundo, ao todo 33 instituições, para oferecer cursos on-line, em sua maioria gratuitos, para qualquer pessoa. A empresa trabalha com a ideia de um futuro em que as melhores universidades ensinem não só milhares de estudantes, mas milhões, atingindo todo o mundo. Para isso, contam com uma tecnologia que permite aos seus melhores professores ensinar dezenas e até centenas de milhares de estudantes.
O Coursera trabalha com cursos que desenvolvem em seus utilizados a capacidade para manusear seus recursos de forma fácil, em que os alunos podem assistir palestras ministradas por professores da classe mundial, aprender no seu próprio ritmo, testar o seu conhecimento, e reforçar conceitos através de exercícios interativos, além de participar de uma comunidade global composta por milhares de estudantes que aprendem em coletivo. A palavra chave é a interatividade, o aluno pode participar ativamente e receber feedback de professores e outros estudantes, o que ajuda o aluno a monitorar seu próprio progresso respeitando o seu ritmo. O aluno pode aumentar seu networking, atualizar-se, enfim, os cursos servem a objetivos diferentes conforme cada situação, e assim é o conhecimento.

Agora o Cousera conta com mais de 1,400,000 “courserians”, ou seja, alunos dos cursos Coursera. Oferecem cursos abrangendo as Humanidades, Medicina, Biologia, Ciências Sociais, Matemática, Negócios, Ciência da Computação, e muitos outros.
E esse sistema só tem crescido. Ontem o Coursera anunciou a adesão de mais 17 universidades à plataforma. Agora instituições em Hong Kong, Austrália, Israel e Inglaterra, além das dos EUA e do Canadá irão incluir cursos nas áreas de música, medicina e mais cursos na área de humanidades.
Alguns cursos chamam a atenção para a diversidade como por exemplo o curso de narrativas de Hollywood: narrativas, sons e cores, da Universidade Wesleyan, e o curso de engenharia financeira e gestão de riscos da Universidade de Columbia, entre muitos outros. O ensino online tem superado seus próprios limites e o Coursera é a prova desse avanço.
Depois dos Estados Unidos, o Brasil é o país com maior aderência aos cursos do Coursera seguido pela Índia e pela China. Lembrando que a empresa já passou 1 milhão de inscritos.
O sentido e o propósito da educação estão mudando. Com, sem ou apesar dos sistemas formais. E a onda continua crescendo - o sentido e o propósito da educação estão mudando por si só.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A web 3.0 existe?


O jornalista jornalista John Markoff, num artigo do New York Times, usou o termo Web 3.0 pela primeira vez. A terceira onda da internet pretende ser o período de destaque para a organização e o uso de maneira mais inteligente de todo o conhecimento disponível na Internet. Faz parte dessa terceira geração a web semântica, que trabalha com a atribuição de significado aos termos utilizados em motores de busca (como o Google, por exemplo) que satisfaçam a intenção humana e mais ainda, a intenção de cada usuário. Ou seja, uma linguagem que possa ser entendida pela máquina e mastigada, processada e refinada de forma que se aproxime da forma como é entendida pelo ser humano. A Web 3.0 será capaz de realizar esse processo sozinha, aproximando-se do mundo da inteligência artificial.
Um exemplo vivo de como essa lógica funciona é um modelo de aparelho, disponíveis nos Estados Unidos e em alguns países na Europa, que grava conteúdos televisivos de forma programada a procurar por um tema específico, como por exemplo, um ator em particular ou o nome de um filme, etc. E esse recurso não se aplica apenas aos filmes, mas para séries, propagandas, biografias, entrevistas, novelas, documentários e todo o tipo de conteúdo relacionado com o tema escolhido previamente.
Outro exemplo é o buscador Wolfram Alpha ou o Google Squared que dão uma resposta, em vez de buscar opções como faz os outros. Ele faz uma rápida varredura dentre as opções existentes na web e cria a resposta pronta.
É claro que esse tipo de ação inibe o processo de pesquisa e casualidade que ocorre em situação idêntica a uma visita a biblioteca. Você pode querer ficar solto pelas estantes e “fuçar” à vontade, e de repente ser remetido para outros assuntos, autores e o que mais a casualidade permitir. Por outro lado você também pode entrar em uma biblioteca e dizer o que quer e esperar por uma resposta objetiva, rápida e correta.
O escritor, artista e ativista Hernani Dimantas nos alerta sobre essa divisão entre gerações da web. “A web 2.0 é sobre interatividade, mas esse debate é de 1991. A internet, desde o princípio, ampliou possibilidades que crescem estratosfericamente. As possibilidades dessa mídia são enormes e o que me interessa é como as pessoas se apropriam de diferentes tecnologias para a replicação do conhecimento potencial, é o que você espera da tecnologia. A potência está na ação de fazer blogs, compartilhar informações no Twitter, no Facebook. Essas ferramentas como o Google, por exemplo, só existem porque as pessoas estão fazendo coisas, trocando informação relevante, desenvolvendo projetos e afins esse processo faz da rede um dispositivo de transformação social”. Hernani acredita que não devemos olhar para a web apenas como um recurso funcional e por isso não é possível fazer uma divisão tão exata de um processo que foi se ampliando naturalmente e acontecendo de forma peculiar em contextos diferentes.
Daniel Gruhl, um dos diretores do Almaden IBM Research Center, diz que a rede é como uma lista telefônica com bilhões de páginas. Os motores de busca, como o Google, permitem que o usuário pesquise o conteúdo de cada página e utilize a "busca avançada" para especificar um pouco mais os resultados. Há muitos que acreditam que a "Web 3.0" nada mais é do que uma tentativa de vender um serviço. "Eu aposto que o futuro é mais "inteligência humana" do que "inteligência artificial'", escreveu o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios do SlideShare, blogueiro e palestrante Ross Mayfield.
Será que não seria melhor investimos também na inteligência humana e orientá-la a estudar e pesquisar melhor? Esse processo intuitivo precisa ser desenvolvido, isso está na curiosidade humana, na capacidade de relacionar fontes, assuntos, contextos... O processo hipertextual e a navegação por links nos leva a caminhos que se equivalem a experiências individuais de aprendizagem. Uma mesma pesquisa feita por pessoas diferentes percorre caminhos diferentes que agregam novidades pelo percurso e juntas as pessoas poderão trocar experiências diferentes e complementar a pesquisa um do outro em um processo colaborativo e coletivo.
Talvez estejamos exagerando, uma busca avançada talvez não seja capaz de inibir por completo a trilha hipertextual, mental e rica de descobertas e curiosidade própria dos seres humanos, talvez seja apenas a forma como iremos nos apropriar disso que nos preocupe por ora.
E você, o que acha?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Veja o que rolou no Webnário Mobilização e Coragem: reflexões sobre a educação



Veja aqui o que rolou no 1º Webnário InovarEduca - Mobilização e Coragem: reflexões sobre a educação, evento gratuito que aconteceu no dia 15/09 desse ano, em formato online, com a participação do artista, escritor e ativista brasileiro Hernani Dimantas, Doutor pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, e Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e do Prof. Dr.Miguel Sacramento, Engenheiro pela USP, especialista em Administração pela FGV, doutor pela USP, consultor nas áreas de Operações e Estratégia em empresas de diversos segmentos e professor da EAESP/FGV).
Esse Webnário faz parte de um processo em andamento pelo InovarEduca e pretende estender a discussão para outros eventos e atividades, acerca da Qualidade da Educação (rumos, sentidos, problemas, etc) entre todos os interlocutores interessados nessa questão. Ninguém mais duvida de que é preciso encontrar novos rumos para a educação, ela não responde mais aos anseios e necessidades de alunos, professores e da sociedade em geral.
O trabalho realizado teve como objetivo ouvir, além de colocar questionamentos. Todos que acompanharam puderam interagir com críticas, sugestões ou perguntas, por meio das redes sociais e do chat do livestream.
A partir de três objetos-documentos pretendemos conversar sobre os atores sociais do sistema educacional, suas relações e como eles têm sido incluídos/excluídos do grande debate sobre a qualidade da educação no país.
Para o debate também foi realizada uma pré-avaliação de 100 artigos que tratam sobre a qualidade da educação no Brasil e no mundo, e que tipo de representação os artigos acadêmicos têm dado aos atores sociais educacionais, como os professores, os diretores e estudantes.
O filme La Educación Prohibida teve uma intensa e rápida repercussão na rede pelo mundo todo, o que demonstra uma preocupação clara e forte com a educação em âmbito mundial. O filme começa tratando sobre o ensino em Atenas (Grécia) que era desenvolvido por meio de experimentos, em pontos de encontros entre os jovens e os mais experientes, em que a vida e a aprendizagem andavam juntas. Por outro lado, em Esparta, o ensino foi desenvolvido com técnicas militares em que eram empregados castigos e torturas para todos que não acompanhassem as regras previamente impostas.
Esse último modelo se desenvolveu e hoje temos um processo em linha que coloca o jovem em uma ponta da educação e devolve esse jovem à sociedade ao final do “processo” já formado e pronto para o mercado. Esse modelo serviu até a Revolução Industrial em que o ensino possuía uma data de término, uma vez formado o indivíduo podia seguir com sua profissão e dificilmente teria que estudar qualquer outra coisa até o final de sua vida. Esse cenário muda fundamentalmente a partir da entrada da Web na vida das pessoas de forma extensa. O trabalho de inúmeros estudiosos, dentre eles Manuel Castells, reflete o impacto da entrada da web e das redes sociais na vida das pessoas e as mudanças nas relações sociais, econômicas e culturais entre os indivíduos e grupos.
Passamos de um modelo em que um produz e muitos consomem, para um modelo denominado por alguns como “prosumer”, em que muitas pessoas produzem e consomem. As mesmas pessoas que produzem também consomem em grande quantidade, o que torna a participação das pessoas na rede internet completamente diferente e com profundos impactos nas relações sociais. E não poderia ser diferente na escola. Aquele que sabe e obedece merece o crédito. Esse modelo está se dissolvendo.

No filme um aluno questiona seus professores sobre que sentido existe em frequentar a escola todos os dias, quem se é e o que o professor está realmente fazendo ali. Esse discurso aparece por diversas vezes na fala de Isadora Faber, criadora do Diário de Classe no Facebook. O mundo mudou: o quer era não é mais, e o que vai ser ainda não se configurou. A função da escola está em crise.
As abordagens pedagógicas tratadas no segundo blog do Webnário tratarão sobre pensamentos de diversos estudiosos como Paulo Freire, Maria Montessouri entre outras possibilidades, e sobre a criatividade, elemento tão valorizado na atualidade e que não consegue ser desenvolvido no modelo de educação tradicional. Ela é literalmente abortada, deletada e atrofiada. Pesquisas já comprovaram que crianças por volta dos 5 ou 6 anos de idade possuem um potencial de criatividade intenso que vai se perdendo com o tempo, quando não é incentivado. E isso será extremamente danoso para esses indivíduos quando cresceram e forem cobrados pela própria sociedade que o criou para desenvolver suas habilidades criativas e potenciais na solução de problemas em um mundo contemporâneo que tornou extremamente dinâmico, mutante e imprevisível em tantos aspectos.
Miguel Sacramento reflete sobre o documentário Segredos de Estado, que aborda uma unanimidade global acerca da “lei da mordaça” aplicada aos funcionários de escola (incluindo seus professores e diretores) impedindo-os de criticar ou revelar quaisquer situações dentro das unidades educacionais. O alto grau de insatisfação com a educação tem uma raiz. O documentário externa repetidamente a vontade dos professores em expressar sua insatisfação.

O processo de ensino e aprendizagem, na história do ser humano, ocorre diante de uma pressão adaptativa que move o indivíduo e os grupos a buscarem novos conhecimentos para a sobrevivência. Olhando de modo profundo a sociedade como um todo existiram cinco grandes grupos de atores sociais. O primeiro foi o grupo militar que usava o ensino para incutir seus ensinamentos. Depois de um tempo surge o grupo religioso que incute a fé. Posteriormente o governo usou o sistema educacional para incutir os seus fundamentos. Com o surgimento da Revolução Industrial o sistema educacional foi empregado para incutir o pensamento das empresas, convencendo a humanidade a sair do contato com a natureza e acostumar-se com a cidade “aprendendo” a ficar confinado em um local fechado por várias horas seguidas. Essa é a rotina da indústria, das empresas.
Durante toda a história da humanidade o processo de educação apenas serviu aos grupos de poder. A educação em si nunca exerceu poder. Miguel cita o pensador Michel Porter que em 1990 disse "Recomendaria aos governantes dos países mais desenvolvidos que parem de tentar proteger suas indústrias e passem a investir em educação, a matéria prima do futuro”.
O que vai tornar os países e empresas poderosos é o grau de conhecimento que eles possuirem. E o processo de ensino-aprendizagem de hoje não leva a nada, não exerce poder ainda. O nosso processo atual ainda está formatado para a Revolução Industrial.
O presidente de uma multinacional holandesa destacou certa vez que em sua empresa: “O grupo de trainees é fantástico, são limítrofes mas bilingues”. As universidades formam pessoas com altos graus de deficit educacional, mas que buscaram por conta estudar outras habilidades que complementassem seus estudos. A iniciativa do estudante está acima do modelo de ensino das universidades, pois a necessidade do mercado exige um ensino que ele o aluno não tem obtido durante o ensino formal e universitário, e não é o o que as empresas precisam.
A idade dos porquês...
A criança nasce com o espírito pesquisador, e o que foi tirado delas precisa ser devolvido. Quem comanda o processo educacional é o meio político. Ele precisa divulgar as crenças do seu partido de tempos em tempos e a escola é usada para isso. Ensino-aprendizagem e educação são coisas diferentes. A educação começa em casa e a escola não deveria investir e perder tempo para resolver essas questões.
No sistema educacional, assim como nas empresas, se um funcionário critica o seu superior ele é mandado embora. Essa foi a lei da mordaça tratada no documentário Segredos de Estado.
Hernani Dimantas falou sobre o Diário de Classe e a iniciativa de Isadora Faber, e que ela não precisou pedir permissão para ninguém para publicar na internet. Ela sabe filmar, fotografar, usar a internet, e expor suas opiniões. E o que isso significou para Isadora?
Isadora Faber
Ela conseguiu com que a Secretaria da Educação resolvesse algumas das questões que ela queria para a sua escola, embora as ações consequentes à criação da página sejam um pouco maqueadas, provavelmente pela repercussão que a sua iniciativa teve.
De forma semelhante Linus Torvald, aos dezoito anos de idade, quebrou os paradigmas vigentes na época, quando disponibilizou na internet, de forma aberta e gratuita o Linux. Quebrou-se o monopólio de uma das maiores empresas de informática de todos os tempos, a Microsoft.
Essa é a política das multidões, as pessoas juntas têm poder e um poder diferente. Esse modelo que Linus inaugurou, e colocar no campo de força para que todos pudessem copiar, editar, melhorar, etc, surtiu efeito também na educação. As pessoas estão conversando, criando redes, apropriando-se da autonomia e das tecnologias, para interagir com o mundo e exporem suas criações, suas ideias e opiniões. E também consumir tudo o que se quiser.
Linus Torvald
Linus Torvald

Essa mudança de paradigma provoca um efeito diferente, inaugurado pelos softwares livres: uma nova relação de aprendizagem. Os programadores se encontravam nas redes, em fóruns, suportados pela rede, para conversar, trocar informações e produzir coletivamente, resolver questões, entre tantas possibilidades.
E essa rede tem se tornado em uma rede de afeto em que se compartilha por generosidade, pelo entendimento do poder da coletividade e da produção local em benefício da comunidade.
Elas aprendem em rede porque entendem o porquê de aprender, e isso envolve a troca, algo mais do que simplesmente uma rotina traçada. As pessoas estão indo atrás do que querem, estão mostrando o que querem mudar, o que precisa mudar. Essa transformação social é inexorável. E com a web fica mais fácil descobrir projetos que estão acontecendo, problemas pelo mundo, questões políticas nacionais tornam-se mundiais.
Precisamos pensar em como podemos estar em rede e articular os interessados na educação para mudar, mas não institucionalmente, porque o MEC não quer mudar, então precisamos ir por outro caminho. E não estamos falando de tecnologia nas escolas, mas sim das pessoas. Tecnologia é mato, ela nasce em todo o lugar. É preciso repensar as relações entre as pessoas dentro do contexto da educação.
Para acompanhar o debate, as perguntas realizadas por internautas e as respostas, acesse a gravação, aqui.

Empreendedorismo e inovação em redes sociais


José Cláudio C. Terra
José Cláudio C. Terra

Você já parou para pensar no que é empreendedorismo em redes sociais? O Terra Fórum realizou um evento que tratou exatamente disso, no dia 13 de setembro de 2012, com a participação do atual presidente da TerraForum e professor de vários programas de pós/MBA, em particular da Fundação Instituto de Administração (FIA), José Cláudio C. Terra. Vamos rever alguns conceitos sobre o que é empreendedorismo, qual o perfil dos profissionais dessa área e como isso se aplica à inovação das redes sociais.
"A audácia, por si só, atrai criatividade, poder e magia". Goethe
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio

Um empreendedor é um profissional que precisa identificar oportunidades, contagiar as pessoas com suas ideias e, claro, transformar as ideias em realizações assumindo os riscos e aprendendo com os erros cometidos. Pesquisas indicam que 90% desses profissionais, entre 30 e 40 anos, iniciaram empreendimentos a partir do mesmo mercado em que já trabalharam, a partir de larga experiência e boa formação na área, principalmente em produtos e mercados de áreas funcionais.
Para inovar nesse ramo e destacar-se são necessárias características que antigamente não eram tão exigidas. Acostumados a receber ordens e com a previsibilidade da maior parte do mercado, o sujeito poderia executar a mesma tarefa, da mesma forma por anos a fio e não encontrar problemas que o mobilizassem a procurar por novas soluções, atualizações e novos mercados. Agora, o profissional empreendedor precisa cultivar as seguintes características:
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio

Existem dois tipos de pensamento que podem ser aplicados na solução de problemas: o pensamento divergente e o pensamento convergente. "Pensamento divergente é um processo de pensamento cujo objetivo é achar o maior número possível de soluções para um problema. Essa habilidade é usada para gerar ideias e resolver algo criativamente, em oposição ao pensamento convergente, que consiste em achar uma única solução apropriada a um problema.
O pensamento divergente busca recursos e articula-se com diversas áreas do conhecimento e amplia as possibilidades de entendimento sobre uma mesma questão. Nesse processo é possível criar e descobrir coisas. Veja nos exemplos, situações de soluções criativas para a publicidade e para novos produtos. Repare como a solução encontrada é, na maioria das vezes, bastante intuitiva.
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio

Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio

Para iniciar um processo de busca por soluções ou novos produtos é preciso seguir o pensamento divergente e trabalhar com amplas possibilidades. Depois de selecionadas as melhores soluções é necessário desenvolver o pensamento convergente que irá finalizar o processo decidindo uma ideia a ser trabalhada por vez.
A inovação pode trabalhar com diversos elementos:
  • produtos ou serviços;
  • novos segmentos ou necessidades não atendidas dos clientes;
  • mudanças na interação com o cliente;
  • mudar a sua forma de ser remunerado;
  • processos operacionais;
  • mudas a posição ou escopo de participação na cadeia de valor;
  • logística;
  • canais de comunicação;
  • networking;
  • criação de novas tecnologias, materiais, produtos ou processos.
A partir do surgimento das redes sociais na internet e da intensificação de seu uso, inclusive uso corporativo, foi necessário entender as mudanças que ocorreram no processo de comunicação, divulgação, influência, captação de informação sobre clientes e suas necessidades, perfis, sugestões, reclamações e onde está a oportunidade para inovação. Entre 2007 e 2011 o percentual de usuários da internet subiu de 27% para 48%, sendo que 47% dessas pessoas conectam-se diariamente à rede.
Veja na imagem abaixo a evolução das possibilidades de canais de comunicação e mobilização de opiniões, desde o impresso, o rádio e a televisão aberta até o famoso boca-a-boca que agora acontece via web.
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio
Apresentação da Profª Bernadette Farias Lóscio


E nesse novo cenário alguns mitos instalaram-se, por exemplo, dizer que as mídias sociais são para jovens é um erro, as pesquisas comprovaram que 40% dos usuários do Facebook tem mais de 35 anos. Dizer que a social media não é para fazer negócios? Imagine, 57% dos profissionais da comunicação de B2B (Business to Business) conectam-se com clientes, geram negócios e buscam inovações. E no mesmo sentido está a indústria. É grande o número de pessoas que utiliza as redes sociais para entrar em contato com as indústrias com as quais realizam negócios, fazem perguntas e obtêm feedback, entre outras coisas. 39% das pessoas já conseguiram fechar negócio pelo Twitter e 41% pelo Facebook.Nos Estados Unidos 54% das empresas já estão aumentando seus investimentos em social media.
Confira os slides do evento logo abaixo e veja mais sobre como as empresas B2B podem se beneficiar das redes sociais.

Anotações...


Anotações do Prof. Miguel Sacramento:
(Pensando no Webnário MOBILIZAÇÃO e CORAGEM - reflexões sobre a educação)
Texto 1
No Brasil onde apenas 11% dos egressos do ensino médio saem com conhecimentos básicos de umas poucas disciplinas - seu sistema educacional só deve superar em eficiência e produtividade o falido sistema penitenciário que consegue a façanha de reintegrar à sociedade - sua função básica - apenas 2% de seus egressos.
Texto 2
A qualidade do modelo educacional vigente no Brasil - e em muitos outros países - é uma unanimidade! Estão insatisfeitos alunos, professores, escolas, organizações, empresas, enfim a sociedade como um todo. Por que não muda? Porque, equivocadamente, a decisão pela mudança cabe aos políticos - que têm outras prioridades e interesses.
Texto 3
Michel Porter, 1990 - "Recomendaria aos governantes dos países mais desenvolvidos que parem de tentar proteger suas indústrias e passem a investir em educação, a matéria prima do futuro."
Texto 4
Pesquisas mostram que se aos 5 anos 98% das crianças - pela sua curiosidade, pensamento divergente e criatividade - poderiam ser consideradas gênios, aos 20 anos apenas 10% delas estariam na mesma categoria. Palavras de Jesus Cristo " Vinde a mim as criancinhas" e de Maria Montessori "Não sigam a mim. Sigam as crianças" - indicam bons caminhos em direção à solução para a crise atual.

O fim da escola como conhecemos


Por Hernani Dimantas
Amanhã teremos um webminário. Estou bastante empolgado. Pois trata se de um formato de conversa diferente. Descola da ideia de uma autoridade sobre um assunto. A vontade é sempre ampliar o debate. Sinceramente, pensar na internet em qualquer campo do conhecimento vai sempre nos levar para o debate libertário que tá rolando faz muito tempo. A sociedade está se redesenhando numa relação cada vez mais participativa. É fato que as pessoas estão cada vez mais na Internet. Uns acham o FB uma besteira, outros aparecem lá para deixar seu recado, outros preferem o twitter, joguinhos, blogs, sites de sexo, os velhos portais. E, quase sempre, tudo isso e muito mais ao mesmo tempo. Chamamos isso de multi tarefa
Faz menos que 10 anos que o valor da Internet tinha que ser demonstrado. Hoje faz parte do cotidiano. Um cotidiano que tem no compartilhamento da informação a potência da multidão. Mas foi com essa proposta de baixo pra cima, apoiada numa ética hacker e na linkania que criamos o MetaReciclagem. E com esses conceitos desenvolvemos projetos como o AcessaSP, o Acessa Escola, Telecentros.br. Desses projetos trazemos aprendizados, acertos e erros, que certamente serão úteis para entender que estamos presenciando o fim do sistema educacional como conhecemos.
Hernani é artista, escritor e ativista. Desde 1997 tem-se dedicado ao estudo, à discussão e à elaboração de projetos colaborativos em rede, publicando um número expressivo de artigos em livros, jornais e revistas sobre a Internet como um meio aberto à produção coletiva e destinado à troca de ideias e conhecimento entre as pessoas. Doutor pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Autor dos livros: Linkania: uma Teoria de Redes (2010) e Marketing Hacker (2003). Fundador e articulador do projeto MetaReciclagem. Fundador do lixoeletronico.org.

Qualidade na Educação - algumas ideias


Qualidade na Educação - algumas ideias ...
* Clausia Mara Antoneli
Vivemos uma época em que “participação”, “colaboração”, “inovação” e “criatividade” são temas - algumas vezes até desgastados - citados em muitos momentos, nas mais diferentes situações que visam, através de sua aplicação, possíveis soluções para o nosso futuro - da humanidade - em um mundo minimamente sustentável.
Penso, portanto, como “educadora de profissão” que sou hoje - nem sempre foi assim - que refletir, questionar, criticar, mudar ... deve ser uma das prioridades da nossa sociedade. Nem sempre foi assim porque minha trajetória acadêmica e profissional passou por outras áreas antes de ancorar na educação. Hoje sou professora universitária de cursos presenciais, semi presenciais e à distância e também atuo como consultora e coordenadora em projetos de EaD.
Entendo que a vantagem da vivência  no tema é que podemos - se quisermos - ter a ideia real do que acontece, ou seja, “sentirmos na pele” as consequências dos problemas e, porque não, partir para suas soluções, se deixassem, é claro! As instituições ainda são muito resistentes a qualquer tipo de mudança.
Muito bonito este discurso na teoria, entretanto, na prática, não é bem assim que funciona. Ainda estamos longe de ter uma participação efetiva nas decisões institucionais, seja como funcionários, professores, alunos ou consultores. Vejo que a qualidade desejada para a educação no Brasil ainda engatinha.
Acredito muito na participação dos envolvidos para se conseguir boas soluções para os problemas. Mas, isso só acontece quando: às partes envolvidas se dá voz e as instituições ativam seus ouvidos.

Alunos e professores têm se manifestado de forma significativa ultimamente, no sentido de levantar problemas sérios que estão dificultando o processo educacional. Não vejo ainda os órgãos competentes “ouvindo” a contento estas manifestações - haja vista o tempo ou o encaminhamento para resolvê-las. Casos recentes como a greve dos professores das universidades federais e a página da aluna Isadora Faber no facebook, são vozes importantes e merecem toda a atenção.
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm contribuído de forma implacável para que a comunicação atinja seus objetivos. Rádio, televisão e  internet - juntas - têm um excelente alcance. Receber informações e tratá-las com seriedade transformando-as em conhecimento e soluções inovadoras e criativas que modifiquem de fato os processos em prol de uma sociedade melhor e mais preparada para o futuro ainda é um grande desejo na educação.
Trabalhando com EaD para educação informal e formal há vários anos, vivencio experiências importantes que potencializam e facilitam através da tecnologia o acesso das pessoas à educação, às informações e ao aprendizado. Para uma reflexão séria de mudanças e de qualidade para a educação a EaD mostra-se como um caminho interessante, entretanto, ainda é preciso vencer a falta de fluência digital, quebrar paradigmas e conseguir inovar “de verdade”, pois os modelos para EaD poucas vezes fogem de muita leitura - já identificada como problema para as novas gerações, além de debates em fóruns ou relatórios escritos. Pouco se inova ainda principalmente na educação formal. O processo é lento.
Apostaria hoje na ideia de participação e colaboração efetivas do aprendiz no seu processo educacional. Como se faz isso? Será possível elaborarmos uma fórmula? Acredito que as soluções para os problemas também devem ser coletivas com a participação de todas as partes envolvidas e aí também temos uma falta de fórmula, o padrão tradicional não tem solucionado de forma inovadora e criativa estes problemas.
Parar um pouco, reunir pessoas interessadas no assunto e com vontade de mudar e resolver problemas para refletir sobre essas ideias, para mim, já se mostra uma ação inovadora e pode iniciar um processo de melhoria e qualidade para a educação brasileira.
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* Clausia Mara Antoneli atua como professora universitária e sócia-diretora da ATMO - é mestre em EaD para Tv Digital, pós-graduada em TI, licenciada em matemática e bacharel em análise de sistemas.

Sem pedestais para educadores ou estudantes


Não se trata de subir o jovem em um pedestal e servi-lo como a uma realeza. Não se trata de mimá-los e deixa-los fazer o que quiserem imprudentemente.
Trata-se de eliminar os pedestais e abrir um círculo, uma roda, em que se sentem jovens e educadores, lado a lado, como uma equipe, um grupo, harmoniosamente.  Mas vejamos se isso é possível baseado nas seguintes ações:
- Anunciar aos jovens decisões já tomadas, reservando-lhes apenas o dever de acatar;
- Decidir previamente e depois tentar convencer o grupo a assumir a decisão, tomada pelo educador, como se fora sua própria decisão;
- Apresentar uma proposta de decisão e convocar o grupo para discuti-la;
- O educador apresenta o problema, colhe sugestão dos jovens e depois decide;
- O educador apresenta o problema, colhe sugestões e decide com o auxílio do grupo;
- O educador estabelece os limites de determinada situação e solicita aos adolescentes que tomem decisões dentro desses limites;
- O educador deixa a decisão a cargo do grupo, sem interferir no processo que a originou.
O pedagogo mineiro Antônio Carlos Gomes da Costa, em seu artigo “O Adolescente como Protagonista”, apontou as opções acima como um pequeno elenco de posturas assumidas pelos adultos ao trabalhar com adolescentes.
As duas primeiras opções são as costumam ocorrer com maior frequência, inclusive na educação dentro de casa: “Anunciar aos jovens decisões já tomadas, reservando-lhes apenas o dever de acatar; Decidir previamente e depois tentar convencer o grupo a assumir a decisão, tomada pelo educador, como se fora sua própria decisão”. É mais fácil dizer como fazer e pronto, mandar e exigir a obediência. Sem reflexão, sem avaliar pontos de vista, sem deixar que os jovens exercitem sua capacidade de solucionar problemas.
Ou muito pior, a última opção “O educador deixa a decisão a cargo do grupo, sem interferir no processo que a originou”, a liberdade total, sem orientação alguma. Seria o mesmo que deixar que os jovens pulem no oceano e nadem sozinhos enquanto o educador fica olhando para o outro lado, sem interferir.
Uma das opções acima trabalha da forma mais adequada para desenvolver no grupo ahabilidade de refletir e solucionar problemas a partir da orientação do educador, ou seja, os alunos irão saltar no oceano e um guia (educador) irá dizer onde estão os perigos, o que fazer frente aos problemas, mas permitir que cada um vivencie sua experiência única, apoiando apenas quando necessário.
Dá mais trabalho ouvir. Dá mais trabalho orientar. É sempre mais fácil mandar e pronto. O que não é fácil é lidar com as consequências desse tipo de educação que inibe o potencial criativo e intuitivo dos estudantes tornando-os sem vida, sem iniciativa, prontos a seguir o caminho que alguém aponte, ansiosos, tolhidos, confusos e que percebem que algo está errado, que estão despreparados e dependentes de adultos.
“Tu me dizes, eu esqueço.
Tu me ensinas, eu lembro.
Tu me envolves, eu aprendo”.
Benjamim Franklin
Antonio Carlos reflete que "A participação é a atividade mais claramente ontocriadora, ou seja, formadora do ser humano, tanto do ponto de vista pessoal como social. Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar. Na vivência dessa pedagogia, o educador já não pode limitar-se à docência. Mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos meios dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica."
Segundo Antonio Carlos, “a evolução do trabalho com um grupo de adolescentes empenhados em decidir, a partir de uma ação protagônica, segue de modo geral as seguintes etapas":
  • Apresentação da situação - problema
A situação-problema deve ser apresentada do modo mais realista e desafiante possível. É necessário embasá-la em dados, informações e objetivos
  • Proposta de alternativas ou vias de solução
Deve-se procurar extrair do grupo o maior número possível de alternativas de solução, para o problema apresentado.
  • Discussão das alternativas de solução apresentadas
As propostas devem ser discutidas e criticadas livremente. O grupo deve estar consciente de que são as ideias, e não as pessoas que as apresentaram, que estão em julgamento.
  • Tomada de decisão
Durante a discussão, o grupo vai descartando as alternativas mais inviáveis e inconsistentes, até chegar à decisão final, que pode ser unânime ou majoritária. Só em caso de omissão da maioria do grupo, a solução deve ser minoritária. Essa, contudo, é uma situação indesejável, que deve ser evitada ao máximo pelo educador.
Já faz tanto tempo que trabalhamos com tudo isso e parece que ainda há tanto por fazer entender. É que não se trata de uma questão de leitura e sim de experiência - viver é muito mais complexo do que apenas ler! Não é preciso escolher um lado, ou a obediência ou a inconsequência; ou a leitura ou a prática, ou a teoria ou o fazer, não somos seres dualistas. Somos seres complexos, e não difíceis.

Esse é um vídeo chamado "Murmurinho", não vamos dizer nada, o impacto será muito melhor quando você assistir...


O que é pedagógico?


O que é Pedagógico?
Hernani Dimantas
A revolução que a internet promove nas relações sociais afetará radicalmente as trocas de informações e conhecimentos. Como a pegadogia está lidando com estas mudanças? De que modo se dispõe a lidar com modos de aprender e ferramentas que estão se tornando universais?
O que é pedagógico? Não sou educador. Logo, não estou habilitado para falar sobre pedagogia. Por outro lado, quando penso na internet, mais especificamente nas redes sociais que emergem no espaço informacional, ou quando penso em inteligência coletiva, em capital social, em produção de subjetividade, enxergo as possibilidades que a cultura digital vem desvelar. Um impacto que atravessa toda a organização da civilização. E transforma radicalmente todas as áreas do pensamento humano.
A pedagogia também foi atingida. Assim, posso não entender de pedagogia. Mas, com certeza, a internet impacta absurdamente na forma de as pessoas aprenderem e ensinarem.
Neste sentido, parto das idéias que costumamos debater no MetaReciclagem [1]. Principalmente o processo de apropriação da tecnologia social. As redes sociais, sua topologia e conexões, ou aquilo que costumamos chamar de conectazes, em que a impermanência tem ação inequívoca na transformação social. Este processo tem sido inspirador de muitos projetos de inclusão digital no Brasil.
Essa apropriação tem mais a ver com a forma como as pessoas conversam na rede. Pessoas que conversam com outras pessoas. Uns que ensinam os outros. Uns que aprendem com os outros. Numa dinâmica que só é possível quando temos as redes sociais como plataforma pública.
Aprendizado e conhecimento são, como diz Seely Brown, resultados do "entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade". Nas redes sociais, essa ecologia está sempre presente
Bem, pelo menos para mim esta é a maneira por meio da qual nos alimentamos da conectividade. Aprendo muito navegando pelo conhecimento livre que encontro pelo meu caminho. John Seely Brown diz: "o que sabemos agora que não sabíamos há dez anos? O aprendizado e o conhecimento são resultados do entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade". Nas redes sociais encontramos essa ecologia da aprendizagem.
Minhas dúvidas são reveladas na rede. Nos fóruns, em listas, encontro aquilo que outras pessoas estão fazendo. Pessoas postam dúvidas. Outros postam soluções. As pessoas blogam sobre diversos temas. Já li coisas lindas em blogs. As conversas das multidões hiperconectadas.
Logo, ensinar nessa realidade pressupõe conhecer as entranhas da rede. Pois quando as pessoas estão conectadas elas procuram outras pessoas para conversar. Querem estar no Orkut, bater papo no MSN, buscar aquilo que é relevante para cada um.
Não sei como a pedagogia está lidando com essas novas variáveis. Este é um grande desafio. Entretanto, como afirmei, nada entendo de pedagogia. Mas fui conferir no dicionário, e ele me diz que pedagogia "é a ciência que estuda os problemas relacionados com o seu desenvolvimento como um todo; é o conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar".
E mesmo a ortodoxia dicionarística só explicita o que fazemos na prática: o "desenvolvimento como um todo", a "adaptação recíproca do conteúdo informativo". Ou seja: não entendo de pedagogia, mas entendo desse fuzuê cibernético. E nessa composição estamos prontos para conversar.
(Hernani Dimantas - publicado originalmente em  Biblioteca diplô http://diplo.org.br/2008-08,a2538)

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