quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Estamos ficando mais espertos?

Jim Flynn


A psicóloga social Dolors Reig, no seu artigo “Diferencia intelectual entre mujeres y hombres y oportunidades en la sociedad del conocimiento”, ao estudar o Efeito Flynn e a tecnofobia que tratam dos efeitos perversos da tecnologia sobre a inteligência humana, encontrou informações valiosas sobre novos estudos nesse tema em um novo livro lançado por James Flynn, também conhecido como Jim Flynn, “Are We Getting Smarter?” (Estamos ficando mais espertos?).

Livro Are We Getting Smarter? - de James Flynn


O autor o pesquisador americano naturalizado neozelandês, James Flynn, da Universidade de Otago, desenvolve pesquisas sobre a variação da inteligência foi pioneiro ao observar e pesquisar o aumento progressivo de QI, nos anos 1980.

No livro, foi observado que nos últimos 100 anos aumentamos em 30 (pontos por década) o nosso coeficiente intelectual, ou Quociente de Inteligência – QI - (isso em países desenvolvidos). A pesquisa aponta que a mente moderna lida melhor com problemas abstratos. O destaque vai para o fato de que, pela primeira vez, as mulheres tiveram um ponto a mais do que os homens nos testes de QI.

Dolors nos lembra de que esse tipo de avaliação é caracterizado por certa parcialidade, e a autora sempre reforçou o desenvolvimento do seu trabalho de pesquisa sobre as inteligências múltiplas. No entanto, a autora acredita que “estamos construyendo un mundo con más oportunidades para los más desfavorecidos, al fin y al cabo más justo”. Um mundo de mais oportunidades e conhecimento tende a condenar as desigualdades, principalmente entre os sexos.

A diferença entre o QI de homens e mulheres é irrelevante, ao se comparar o estudo realizado em diversos países, em que apontam que enquanto em determinada região a pontuação é maior para os homens, em outras existe empate. A palavra empate lembra jogo ou competição, mas a ideia não é criar polêmica entre os sexos, nem nossa nem de Dolors Reig. :)

As pesquisas apontam claramente que as verdadeiras diferenças entre sexo e raça são influência não da genética, mas sim das condições socioculturais em que as pessoas estão inseridas.




GUIA TIC NA EDUCAÇÃO


O Núcleo TIC e Educação atua desde 2011 assessorando projetos que trabalham com tecnologia e educação no CENPEC.

“O Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 1987. Tem como objetivo o desenvolvimento de ações voltadas à melhoria da qualidade da educação pública e à participação no aprimoramento da política social. As ações do Cenpec têm como foco a escola pública, os espaços educativos de caráter público e as políticas e iniciativas destinadas ao enfrentamento das desigualdades”. (Fonte)

A partir da necessidade de ampliar a discussão sobre a relação das tecnologias da informação e da comunicação com a educação o Cenpec criou, em 2008, o grupo de debate GD, que possui “o objetivo de discutir os projetos do Cenpec que possuem algum tipo de atuação com as tecnologias em suas ações”. Nesse espaço as pessoas podem acessar os materiais relacionados aos encontros, como pautas, sínteses e power points. O grupo se fortaleceu e o tema ganhou cada vez mais importância e espaço, o que levou a Cenpec a criar um núcleo especializado nesse tema, o Núcleo TIC e Educação.

Nesse link você encontra alguns dos projetos em que a CENPEC utiliza as TICs.

O Núcleo acaba de publicar um “Guia TIC na Educação” – um orientador para os projetos do Cenpec. “Publicamos o material em um ambiente wiki, justamente para enfatizar que é um material aberto e será complementado/aperfeiçoado constantemente. Há também uma versão em pdf”. (o Núcleo). Esse formato permite que o material seja complementado a partir da colaboração e participação de todos os interessados, além de manter um registro de todas as alterações, como em um histórico.

Para acessar o guia, clique aqui! :D



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dez coisas que ninguém quer saber sobre o uso das TICs nas escolas




Nos últimos anos, Michel Trucano, especialista em Educação e TI, trata em seu artigo “Dez coisas sobre o uso do computador nas escolas que você não quer ouvir (mas eu vou dizer assim mesmo)” sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação na educação. O grupo de profissionais que trabalha nessa área é altamente conectado e essa rapidez, interação (com baixo custo) propiciou e assegurou um compartilhamento maior de boas práticas e ideias sobre o tema.

No entanto, segundo Michel, muitos profissionais colocam computadores à disposição de crianças e jovens e apenas esperam a magia acontecer. Mas a realidade foi sendo temperada por experiências que trouxeram de volta o debate de como se devem utilizar as TICs em sala de aula.

Debater a questão é extremamente importante, “o fato de que todos concordam sobre quase tudo nem sempre é uma coisa tão boa. Opiniões divergentes e as vozes são importantes, mesmo que apenas para nos ajudar a repensar porque acreditamos no que acreditamos”. O debate é o espaço em que podemos trazer a tona as questões e dúvidas, conhecer novos pontos de vista, aprendendo mais e ampliando nossa visão. Podemos descobrir que aqueles que divergem de nós estão certos e nós errados, ou o contrário, ou ainda descobrir que todos estão equivocados.

Um dos dilemas analisados por Michel foi um episódio ocorrido no Caribe. Foram comprados muitos computadores e colocados nas escolas, no entanto faltou treinamento e suporte para que os professores pudessem otimizar o seu uso. Ao mesmo tempo oferecer capacitação e treinamento para os professore poderiam emigrar em busca de novas oportunidades e de empregos que paguem melhor, inclusive em outros países. E então, como resolver isso?

Bem, existem dez coisas que ninguém quer saber sobre a utilização dos computadores em sala de aula, mas deveriam. São elas:

1. Laboratórios de informática são uma má ideia

Parece a coisa mais óbvia a se fazer, mas isso não basta para afetar diretamente o processo de ensino-aprendizagem em disciplinas básicas. Os computadores deveriam estar dentro das salas de aula. Na verdade o autor não quer afirmar categoricamente que montar laboratórios de informática sejam uma má ideia, mas sim que fazer só porque todos estão fazendo é começar com o pé esquerdo.

2. Aulas de alfabetização em TIC são uma má ideia

Muitas pessoas não concordam em colocar computadores para que as crianças aprendam suas funções básicas em uma “aula de informática”. Essas pessoas propõem uma utilização e aprendizagem da informática de maneira contextualizada e mais natural, já que as tecnologias mudam e sofrem inovações constantemente, é necessário permitir ao aluno que entre em contato com o mundo das TICs e não apenas do computador, pois se trata de um universo maior e que não se resume a uma máquina e seu funcionamento apenas.

3. Não se apegue tanto aos resultados de testes sobre as metodologias utilizadas

A avaliação das metodologias deve ser feita de modo mais aberto, mais amplo e que seja aceito o desafio de realmente olhar para como os computadores estão sendo usados nas escolas.

4. O que os alunos fazem fora da sala de aula com a tecnologia é mais importante do que o que eles fazem lá dentro

“Até que ponto você está ciente de como os estudantes estão usando a tecnologia fora da escola, e está usando esta informação como insumo para suas decisões sobre como isso tem sido feito para ser usado no apoio aos processos formais de aprendizagem em que suas escolas estão envolvidas?”, nos diz Michel. Ter essa avaliação e esse olhar amplo é fundamental para estudar a realidade dos alunos.

5. Cidadania digital e segurança da criança serão uma parte importante do que as escolas ensinam

É necessário que as escolas estejam bem posicionadas para ajudar a ensinar as crianças a melhor identificar e avaliar os vários tipos de riscos que podem enfrentar quando acessam a web, e como lidar com eles. A maioria das crianças e jovens que possuem acesso à web operam esse acesso também por telefones celulares e tablets, ou seja, estão acostumadas a viver entre os dois mundos, um controlado pela escola (no laboratório de informática, por exemplo) e outro em que ele é livre para escolher. O que é preciso orientar a essas crianças e jovens? É necessário ajuda-las a conhecer os perigos, desenvolver o senso crítico e as habilidades para uma navegação produtiva, segura e empolgante.

6. A maioria das crianças não são 'nativos digitais'

Saber usar um buscador envolve muito mais do que digitar uma palavra e recuperar alguns resultados possíveis. As crianças da contemporaneidade, por exemplo, são consideradas nativas digitais, e elas têm desenvolvido um conjunto de habilidades a partir de sua exposição e utilização das TICs. As crianças possuem uma facilidade e aprendem rapidamente a usar as tecnologias. Certo, mas isso não quer dizer que elas sabem “realmente” como aproveitar as tecnologias de maneira que sejam relevantes para suas vidas, e que potencializem seus talentos.

7. Você nunca vai alcançar as inovações tecnológicas, sempre estamos um passo atrás

Michel nos relembra que os sistemas de ensino são uma das instituições mais conservadoras que existem, e quando falamos de políticas públicas na educação temos que considerar um tempo enorme em que são feitas muitas considerações sobre o uso das TICs no processo do ensino-aprendizagem. Isso faz com que estejamos sempre um passo atrás.

No entanto, é importante sim existir planejamento para orientar as decisões sobre um tema que está mudando constantemente. O que não se deve fazer é deixar de planejar e tentar só porque as tecnologias mudam e inovam sempre. É preciso lembrar também que em uma era 2.0 o “planejamento” orienta as decisões, no entanto, na prática é essencial desenvolver a arte da improvisação para lidar com imprevistos, além de não se criar a ilusão de que tudo o que foi planejado irá se cumprir tim tim por tim tim.

8. As trapaças podem aumentar

A internet permite um compartilhamento livre de informações e isso acarreta alguns problemas com vazamento de dados e informações.

9. Goste ou não, os telefones celulares (e outros dispositivos móveis como tablets) estão chegando!

Os dispositivos móveis aumentam cada vez mais suas potencialidades e são pequenos computadores nas mãos e bolsos de milhares de crianças e jovens no mundo todo. A escolha da tecnologia deve fluir a partir de uma consideração de vários fatores (o que está disponível, o que é acessível, o que é utilizável, o que é apropriado, e a maior e mais importante questão: o que é relevante para um aprendizado particular ou para o objetivo de desenvolvimento).

10. ....

Sim, o item número dez está vazio. Michel nos lembra que essa brincadeira reconhece que há muito ainda o que se aprender sobre a utilização das TICs em sala de aula.

O novo professor




O novo professor está por ai, você já o deve ter visto. Ele anda dizendo em suas aulas que não sabe tudo, que não detém a verdade e que também erra. Aliás, ele anda ensinando aos seus alunos que errar faz bem, e os tem preparado para lidar com a incerteza, com a complexidade na tomada de decisões e terem como assumir a responsabilidade sobre as decisões que foram tomadas. Ele tornou-se um pesquisador e não age mais como transmissor, pois isso a TV já faz, não é verdade?

Ele perdeu o medo de usar a tecnologia e a vergonha de errar enquanto se aprende. Ele está na web, fazendo cursos de férias, se atualizando, conversando com os alunos, amigos e outros professores, participando de fóruns, wikispaces, grupos de discussão. Agora ele é um comunicador, mais do isso, ele é intercomunicador!

O novo professor acabou descobrindo-se mais autônomo e ele tem entendido que os alunos também devem ser assim, refletindo mais do que memorizando. Aí então ele percebeu que quem estava ensinando ele a ser assim e inovar eram os próprios alunos, que além de autônomos, são colaboradores por natureza. “O professor crítico-reflexivo de sua prática trabalha em parceria com os alunos, numa construção cooperativa do conhecimento. Os novos ambientes de aprendizagem informatizados ao utilizarem o enfoque reflexivo em sua prática pedagógica colaboram para o desenvolvimento de pensadores autônomos, mas que, ao mesmo tempo, valorizam a cooperação, a parceria, o compartilhamento entre os diferentes aprendizes, as interações individuais e coletivas mediante o desenvolvimento de operações de reciprocidade e complementaridade”. Dewey, J., no livro Vida e Educação.

Esse professor percebeu que assim como a web havia se tornado um espaço incrivelmente produtivo e lá as relações precisam de conversação e colaboração. Então era preciso recriar esse espaço em um ponto da web, como uma esquina onde pudesse marcar um encontro com seus alunos e amigos professores, onde pudesse conversar, compartilhar ideias, informações, livros, opiniões e juntos pudessem construir algo mais, sair do mesmo lugar, dar passos a frente a cada encontro. Descobriu que esse espaço, esse pequeno ponto da web era uma plataforma de aprendizagem. Era isso o que faltava, um espaço mais estruturado, pensado, mas que fosse flexível e suportasse crescer constantemente.

Um novo professor em um novo espaço!

O ensino online e as startups!


Só para lembrar o que é uma startup? Muita gente pensa que uma startup é toda empresa que está em fase inicial de implantação, mas não é bem isso. Segundo a Associação Brasileira de Startups o termo refere-se a “uma empresa de base tecnológica, com um modelo de negócios repetível e escalável, que possui elementos de inovação e trabalha em condições de extrema incerteza”.

Em outras palavras trata-se de um tipo peculiar de empreendimento, em que “as empresas de pequeno porte, recém-criadas ou ainda em fase de constituição, com atividades ligadas à pesquisa e desenvolvimento de idéias inovadoras, cujos custos de manutenção sejam baixos e ofereçam a possibilidade de rápida e consistente geração de lucros. Além disso, o negócio desenvolvido pela startup deve ser viável, ou seja, que ele será não só sustentável, mas que apresente também potencial de sucesso”. (Sebrae)

Esse tipo de empreendimento tem se adequado a diversas iniciativas na área da educação online. Conforme o site Mashable existem cinco startups norte-americanas de educação que têm revolucionando o ensino virtual e merecem destaque!

2tor: Empresa parceira das universidades Georgetown e Washington University in St Louis, funciona desde 2008 oferece o serviço de apoio na elaboração e implantação de cursos on-line personalizados e acessíveis por celulares e tablets. A Forbes considerou a 2tor uma das dez starups mais inovadoras do mundo, concorrendo com a Instagram e o Pinterest.


Udemy: Já a Udemy é uma plataforma que oferece cursos online (pagos e gratuitos) que podem ou não ser ligados a instituições de ensino e que trabalham sob o formato crowdlearning, um modelo coletivo onde os alunos interagem, compartilham e sugerem aulas. O diferencial é que a empresa recebe sugestões de cursos e os interessados podem reunir vídeos, Power Points, arquivos em zip, áudio ou PDF. São 15 áreas contempladas, incluindo tecnologia (com cerca de 300 opções), artes e linguagens. O destaque vai para o curso gratuito “Ideas Come From Everywhere”, propostas pela ex-executiva da Google, Marissa Mayer. Esse curso tem quase 10 mil alunos.

EdX: Trata-se de uma iniciativa que surgiu em maio, entre Harvard e o MIT e que hoje conta também com a UC Berkeley, leva ensino on-line gratuito para pessoas de qualquer parte do globo. As inscrições já estão abertas e oferecem sete opções, com e sem pré-requisitos de conhecimento. Outra empresa que segue o mesmo modelo é a Cousera que trabalhava com disciplinas das universidades de Staford, Pennsylvania, Michigan e Princeton e atualmente conta mais outras 12 parcerias.

Voxy: Esta empresa trabalha com uma plataforma de ensino em línguas estrangeiras de forma bastante natural, contextualizada e isso inclui com certeza o uso das tecnologias móveis que fazem parte do cotidiano dos alunos. Desde que foi lançada, em janeiro de 2011, a Voxy já aderiu um milhão e meio de usuários em mais de 20 países.

Noodle: A empresa Noodle tem uma proposta diferente e pioneira, ela oferece uma ferramenta de busca especializada para a navegação em sites sobre educação que funciona como uma curadoria de informação.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A maior mudança está dentro de nós

José Manuel Moran



O professor de Comunicação na USP, pesquisador das mudanças na educação presencial e a distância, José Manuel Moran, trata em seu livro “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” sobre “as profundas mudanças provocadas pelas redes digitais, principalmente a internet, na educação presencial e a distância, em todos os níveis de ensino. Revela o panorama atual da assimilação desses câmbios pelas escolas, professores e alunos e descreve as etapas de apropriação das tecnologias pelas escolas, sem esquecer o papel que professores e gestores terão que desempenhar nessa revolução”. 



A sociedade caminha depressa para uma onda de mudanças disruptivas, que pode ser vislumbrada em parte, no entanto ainda reserva surpresas. Será que é possível estar preparado para elas? E como toda grande mudança vários setores serão afetados, na educação, por exemplo, teremos cada vez mais uma comunicação dinâmica e pluralista, complexa e democrática, com acesso livre a quase todo tipo de informação, autonomia na produção e compartilhamento de textos, criações artísticas, pesquisas científicas, e uma interação multimídia que vem mudando o comportamento de estudantes e professores.

Segundo Moran “será necessário aprender a construir um percurso intelectual mais difícil, cheio de inúmeras ramificações e opções; aprender a conviver com as diferenças de visões de mundo, de valores, de grupos; a fazer escolhas mais provisórias; aprender a comunicar-nos de forma mais abrangente, integrada, participativa, equilibrando o individual e o social”.

A maneira de aprender está mudando e vai continuar seu processo de transformação e adaptação porque os seres humanos e suas necessidades mudaram, suas possibilidades se ampliaram. Para quem quer aprender existirão cada vez mais caminhos, caminhos a serem percorridos por si próprios, não existirão bulas ou mapas, apenas guias... Seja com ou sem certificação, seja presencial ou a distância, seja um curso de idioma ou uma graduação, todos que querem aprender podem começar suas jornadas a partir de “guias”, fóruns, cursos que se complementam, personalizados e flexíveis. Todavia não é mais o diploma que te define, mas sua jornada, o processo desenvolvido ao longo do caminho, suas experiências únicas e sua criatividade para solucionar problemas.

Livro de Moran “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá”


Moran reflete que para isso “precisaremos de instituições sérias para ajudar-nos nos cursos de maior duração, nos que certifiquem profissionalmente. Mas não precisaremos ir todo o dia a uma sala de aula para aprender. Haverá formas muito ágeis, diversificadas, flexíveis, adaptadas ao ritmo e necessidades de cada aluno para aprender e ajudar a aprender”.

Em uma era onde a tecnologia evolui muito mais rapidamente do que a cultura é preciso tomar cuidado com a inércia. Entre o desejo e a ação existe uma distância que culturalmente sempre deixou a humanidade confortável, com muito tempo para refletir em uma postura mais contemplativa. Hoje o mundo exige respostas e soluções rápidas, força de vontade para agir, coragem para arriscar, e a reflexão admite mais do que nunca o trabalho coletivo, a equipe organizada, disposta, companheira, interessada, e despojada da ambição puramente individualista.

“As tecnologias permitem mudanças profundas já hoje que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade. O ser humano avança com inúmeras contradições, muito mais devagar que os costumes, hábitos, valores. Intelectualmente também avançamos muito mais do que nas práticas. Há sempre um distanciamento grande entre o desejo e a ação”, nos diz Moran.

Algumas mudanças só podem acontecer de dentro para fora.

Conheça o site de Moran, cliquei aqui.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A improvisação do Jazz na educação online

Susan Lucille Davis


A professora Susan Lucille Davis, que ensina Inglês na Escola Preparatória Chinquapin, em Houston no Texas e contribui para o grupo do blog Vozes da Revolução de Aprendizagem (em que são apresentadas histórias de educadores que estão fazendo a mudança para o aprendizado do século 21), fala em seu artigo, “The Trouble With Views On Online Education”, sobre alguns pontos que gostaria de refletir e compartilhar conosco acerca de um artigo intitulado The Trouble With Online Education, escrito pelo professor de Inglês na Universidade de Virginia Mark Edmundson, em que ele “testa” a experiência de ensinar em um curso totalmente online.

Susan nos alerta para algumas constatações positivas feitas por Edmundson, como por exemplo, o fato de que os professores têm muito que aprender com seus alunos e que é preciso prestar atenção neles. “Em seguida, ele afirma que toda classe memorável é um pouco como uma composição de jazz. Em outras palavras, o dar e receber de improviso sobre um tema fornece uma metáfora para a maneira como uma classe pode desdobrar-se em maneiras surpreendentes e esclarecedoras”.


Um curso bem estruturado e aproveitado por seus participantes, ativo e dinâmico, tende a criar uma comunidade intelectual, criativa e alegre. E esses elementos são necessários para qualquer ambiente de aprendizagem, seja ele presencial ou à distância. No entanto, Edmundson acredita que sua experiência revelou um fato negativo: o professor desenvolve um monólogo e não um diálogo real. Susan discorda, e baseia-se em outras tantas experiências para afirmar que faculdades ruins ainda não estão sabendo como aproveitar os recursos a distância.

Inspirada no professor Clay Shirky, Susan reflete que a distância não custa dinheiro na internet, e tudo o que é transmitido ao vivo na rede pode ser armazenado, compartilhado, editado ou copiado (algumas vezes), características essas que não se aplicam ao telefone, ao rádio ou à televisão.

O curso presencial, ao vivo, face-a-face é diferente porque um segundo de distração e o momento vai embora, você não pode pausar o vídeo ou “voltar a fita”. Estar em presença de grandes mestres enquanto estão ensinando é algo incrível, mas nem todos podem ter acesso (financeirom inclusive) às universidades de elite. No entanto, um MOOC, massive open course online (open source) chega até os seus alunos com um custo muito mais reduzido aplicando uma verdadeira democracia do ensino e do acesso à informação e conhecimento.

A aprendizagem on-line pode ser armazenada, pesquisada, e encaminhada a partir de inúmeras ferramentas úteis para anotar e compartilhar, permitindo que a “improvisação de jazz” na aprendizagem (e de colaboração potencial com qualquer número de co-aprendentes) continue indefinidamente. Os alunos podem tirar suas dúvidas fora do horário de aula, por email, redes sociais, Skype, Messengers, e tantos outros meios. Podem inclusive conhecer pessoas de todo o mundo, aprender com elas e criar com elas.

Susan reconhece que aulas presenciais com professores brilhantes são experiências únicas e ricas, no entanto, “da mesma forma devemos reconhecer que a educação on-line tem o poder de fazer coisas que cursos face-a-face não podem.

Se as instituições de ensino superior fazem pouco mais do que gravar as aulas de professores universitários para compartilhar on-line, isto é apenas o arquivamento de suas melhores performances ao vivo como tantos outros posts no YouTube, e não criam comunidades ricas de aprendizagem que a internet pode e deve incentivar. (E, francamente, prefiro assistir a uma palestra do TED ... ou ler um livro.)”.

Apenas reproduzir aulas em vídeos não fomenta a discussão e a improvisação que precisa acontecer dentro de fóruns e comunidades onde as ideias serão lançadas, refletidas e (tomara!) realizadas! Mudar a tecnologia utilizada para a aula não é o ponto central. A mudança maior que precisa acontecer é entender que a internet permite a criação e o incentivo de comunidades ativas onde professores e alunos, de qualquer parte do mundo, podem desenvolver a arte da conversação, podem estabelecer contato, vida e criação!








sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Blogs também podem ser citados no currículo Lattes!


Sim, os blogs estão ganhando espaço e reconhecimento no campo de pesquisa científica. E o reconhecimento é mais do que merecido. Conforme com as estatísticas do Technorati existem algo entre 150 e 200 milhões de Blogs no mundo todo? No entanto, menos de 5% desses blogs estão realmente ativos, mesmo assim é um número incrível. Já o World Wide Web Size estima diariamente a quantidade de sites produzidos, temos algo em torno de mais de 8 bilhões de páginas. São oito bilhões de pontinhos espalhados pela web e que tratam dos mais variados assuntos.

Mas quando se trata de referência para trabalhos científicos a questão é a credibilidade. Aos poucos os sites e blogs começaram a tornarem-se úteis para pesquisas e estudos, e foi ficando impossível ignorar esse fato. É tão comum ouvir dos professores nas escolas e nas universidades, ao realizarmos pesquisas, que para cada site ou blog pesquisado (mais sites que blogs) precisava ter um livro nas referências. Então estava determinado que o conteúdo dos livros são sagrados, sacramentados e se estiver em um livro então tudo bem. Mas se estiver em um site... A coisa muda. 

Bem, o cenário da WEB 2.0 mudou essa situação, pois os mesmos autores e pensadores dos livros “sagrados” também têm blogs. E mais, todos os dias surgem novos blogs de novos estudiosos em diversas áreas do conhecimento, e foi preciso repensar a forma de aceitação dessas fontes de informação nas referências científicas. 


Recentemente a Plataforma Lattes, que representa a experiência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações, passou a aceitar a inserção de produções em "Redes sociais, websites e blogs".

“O Currículo Lattes se tornou um padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do país, e é hoje adotado pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do País. Por sua riqueza de informações e sua crescente confiabilidade e abrangência, se tornou elemento indispensável e compulsório à análise de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área de ciência e tecnologia”. (Fonte)
Afinal, como é que se mede ou se determina o grau de credibilidade em uma época com tanta produção disseminada na Web? Ficou mais difícil, e isso levanta uma questão que tem atingido não somente a área de pesquisa científica, mas também o campo das artes, como a fotografia, a literatura, etc. Lembremos que quando apenas existiam livros em papel, tínhamos os bons livros e os livros considerados ruins. E mais do que nunca o mercado editorial cresceu e os best-sellers também. Há sempre um público para cada produto. Mas quando tratamos de pesquisa científica não se pode contar com a opinião e o gosto pessoal, mas sim com parâmetros. Hum... interessante isso, não é? Parâmetros... Paradigmas...

Vamos relembrar o que disse o engenheiro e doutor pela USP e especialista em Administração pela FGV, Miguel Sacramento que considerou os estudos do físico argentino Ernesto Sábato sobre como as sociedades se estruturavam, movido pelo questionamento acerca da desaceleração do progresso na América Latina em 1968. A estrutura social baseou-se sempre em três elementos, como em uma pirâmide: Governo, Universidade e Indústria. 

O alinhamento desses elementos define o desenvolvimento da sociedade. A cada época um desses três elementos foi destacado, como por exemplo, até a década de 1990 esse elemento foi o governo. Com o surgimento do fenômeno globalização cada um dos elementos funciona separadamente, porém existem áreas centrais de funcionamento integrado. No século XXI o estado e a indústria cedem mais espaço para uma sociedade agora estabelecida “em rede”, sob uma velocidade crescente. Essa velocidade transforma a pirâmide uma Tríplice Hélice: sistemas produtivos, governo e universidade, e a sociedade ganha o destaque com a nova economia da Sociedade da Informação. Voltando à Tríplice Hélice, o importante é perceber que o fluxo do conhecimento mudou e a energia não surge mais do centro. O conhecimento não vem mais somente da academia para depois ser transferido ao meio socioeconômico. A função da academia mudou. 

O conhecimento hoje está pulverizado e se expande exponencialmente. Se antes as empresas detinham o conhecimento e o guardavam para si, hoje entenderam que a partir do compartilhamento é que se pode contribuir para o conhecimento coletivo e isso tem se intensificado a partir do uso da internet e da mudança no comportamento das pessoas que trabalham, produzem, consomem, aprendem e ensinam com maior autonomia. (Fonte

Bem, o InovarEduca, é claro, curtiu essa mudança no Lattes, e você?






quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Lançamento de livros

Lançamento do livro "Você é o que você compartilha"

Quando: 07.08.2012

Onde: Saraiva Megastore - Shopping Morumbi, Avenida Roque Petroni Junior, 1089 - Morumbi 
São Paulo - SP.


Autor: Gil Giardelli

Todos estão conectados o tempo todo. Isso nos deixa, ao mesmo tempo, extasiados e angustiados. O mundo já não é como costumava ser. A maneira de se relacionar, de trabalhar, comprar, vender, comunicar, informar-se, estudar, fazer amigos, e até revoluções mudou, e muda a cada dia, em um ritmo frenético. A nova ordem está totalmente ligada ao coletivo, às redes de pessoas, ao compartilhamento e, principalmente, à colaboração. Quem está fora desse movimento está perdendo muito e, se não se adaptar, fatalmente desaparecerá.

Gil Giardelli diz que a era da informação já acabou. Vivemos o tempo da participação. Para estar nesse cenário de inovação acelerada e aproveitar as inúmeras oportunidades que tudo isso traz, aumentando seu valor e o valor de sua empresa e trabalho, ele mostra:

-Como usufruir das novas possibilidades de conexão e troca

-O poder das conexões na criação coletiva

-O que é social good-Como fazer ativismo digital e cidadania on-line

-Como usar a sociedade em rede para aprender mais

-As vantagens do webempreendedorismo

-Como aproveitar a economia criativa

-Como fazer negócios no mundo colaborativo

O espírito do nosso tempo é a magnificência de fazer coisas que mudam tudo. Mergulhe nesse mar ainda não navegado e participe de um mundo novo e realmente admirável.






A inteligência coletiva e conhecimento aberto


Os autores Ana Maria Di Grado Hessel e José Erigleidson da Silva, integrantes do Grupo de Pesquisa EDVIRT, da PUC-SP, tratam, no artigo “A inteligência coletiva e conhecimento aberto: relação retroativa recursiva” sobre a inteligência coletiva no espaço virtual de aprendizagem da web 2.0.

A proposta dos autores é entender como se dá a relação entre a emergência de tantas novidades tecnológicas (produto da inteligência humana) e a constante renovação das formas de produção de conhecimento aberto em um mundo 2.0, extremamente comunicativo, aberto e livre. 

Fonte: WIKIMEDIA http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espiral_retroativa_recursiva.png

“Inteligência coletiva e conhecimento estão imbricados e não podem ser compreendidos de forma fragmentada. A inteligência coletiva gera o conhecimento e o conhecimento gera a inteligência coletiva. Em outras palavras, a inteligência coletiva produz e é produzida, assim como o conhecimento produz e é produzido. A relação é retroativa recursiva e o movimento espiralado sugere o percurso evolutivo decorrente da relação dialógica entre inteligência coletiva e conhecimento, representada pelo TAO”. É assim que os autores iniciam a reflexão sobre como o conhecimento e a inteligência coletiva são parte de um mesmo ciclo e como a lógica linear positivista acabou nos levando a fragmentar as coisas e a perder a noção ampla do processo espiralado que está representado na imagem acima.

A inteligência individual se desenvolve a partir do conhecimento e da cultura externa a qual estamos expostos. Sozinhos ou em grupos produzimos mais conhecimento, que será utilizado e beneficiará muitas outras pessoas, gerando assim um ciclo que é constantemente alimentado. “Há uma relação circular aberta entre esses dois polos, que evoluem no formato de uma espiral”. Esse ciclo é a inteligência coletiva, pois o conhecimento não se desenvolve sozinho. Nossa inteligência humana individual é apenas um recurso, mas que necessita da interação com outros conhecimentos registrados, outras experiências, pois não somos capazes de viver tudo, prever e resolver tudo. Vivemos em redes sociais muito antes do aparecimento da internet. Somos seres sociais, vivemos em grupo e dependemos disso em vários aspectos.


Foi Levy quem popularizou o termo inteligência coletiva e a definiu como “É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. Ana e José complementam essa definição dizendo que essa ideia de Levy trata do contexto de desenvolvimento mútuo entre as pessoas. 

Com a Web 2.0 nos tornamos mais autônomos, mais engajados nas redes sociais, com maior chance de acesso a uma miríade de informações. A web tornou-se uma imensa plataforma interativa, interdisciplinar e transdisciplinar, onde somos autores, leitores, produtores e coautores em um espaço de discussão coletiva, uma teia construída pelo coletivismo, onde cada pequena ação e contribuição são mais importantes que a imensa sabedoria de apenas um. Uma inteligência coletiva é uma teia plural, dinâmica, contínua e sustentável.

Recursividade e retroatividade

E quais os operadores cognitivos do pensamento complexo que compõem esse sistema dinâmico da evolução da inteligência coletiva e do conhecimento? Recursividade e retroatividade. Ao observarmos o ciberespaço podemos perceber que ele funciona em um ciclo de alimentação e produção que o mantem em contínuo crescimento. Segundo Ana e José “a interconexão tece as relações, vínculos são estabelecidos nas comunidades virtuais e a inteligência coletiva abarca o crescimento das capacidades cognitivas”. O crescimento do ciberespaço é ao mesmo tempo causa e efeito.

Nesse novo cenário digital surge uma nova ética de abertura para o conhecimento,  em que ele pode ser compartilhado, produzido e reutilizado de maneira aberta com o objetivo de fomentar o conhecimento e a aprendizagem e é nesse cenário que surgem os Recursos Educacionais Abertos (REA). Os autores os definem como sendo “materiais digitais disponíveis na web, de livre acesso para uso no ensino e pesquisa. Alguns atributos caracterizam seu uso, tais como conteúdo aberto e gratuito, licenciado e livre para ser modificado”. 

A visão acerca da inteligência e do conhecimento é complexa e os novos aparatos tecnológicos e o novo cenário digital proporcionaram mudanças e despertaram a atenção para novas necessidades humanas e cognitivas que precisam de maior estudo e aprofundamento no que concerne ao ensino-aprendizagem. Esse debate precisa se intensificar e incorporar os novos conceitos da web 2,0: abertura, comunidades, autoria, reuso, coautoria, coaprendizagem.





quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O primeiro dia de aula dos professores!

Sempre ouvimos falar do quão difícil ou extraordinário pode ser o primeiro dia de aula de uma criança, mas ninguém pensa que também é o primeiro dia de aula daquele professor, pois cada turma é uma experiência nova. O InovarEduca preparou sete dicas bacanas para que os professores possam começar as aulas de forma produtiva e inovadora! Confira!



Vai para o primeiro dia de aula? Turma nova? Experimente começar diferente... Use os primeiros dias para saber quem eles são? O que pensam e o que sonham? Aproveite para se apresentar nas mesmas bases... Muito da aprendizagem depende de um vínculo de confiança, que se instala ou não nos primeiros contatos!



A turma é grande? Mais de 50 alunos? Experimente montar um grupo no FB, no Google Docs ou em qualquer outra ferramenta que permita que os alunos conversem com você. Parece que dá muito trabalho... Mas só parece. Na verdade, o que muda muito, e para melhor, é a qualidade de interação.



Pense um pouco... O que você gostaria que seus alunos (novos) aprendessem de verdade? Pergunte um pouco... O que eles gostariam ou acham que precisam aprender de verdade? - Pense mais ainda: como construir uma boa ponte entre estes dois mundos? Arrisque-se: faça diferente neste semestre!




Sua universidade está em greve ainda? Aproveite para pensar no que é possível fazer para superar a “burocracia”? Enquanto os limites não se alargam, o que se pode inventar para aprender e ensinar melhor? O que anda sendo feito por aí e que poderia ajudar por aqui?

Sugestão: não deixe a mesmice institucional tirar a sua vontade de fazer melhor, aquilo que você já sabe fazer bem! “Ensinagem” é ciência e arte. Cultive!



“Quem são os que merecem? São aqueles que o-be-de-cem!" Assim falava Dona Margarida para seus alunos todos os dias. É isso que você quer de seus alunos - obediência? Pense bem, alunos que pensam, criticam, pesquisam, tem autonomia dão mesmo muito mais trabalho. Não costumam obedecer, conferem tudo que você diz e discorda o tempo todo. Por outro lado são eles que podem transformar o mundo. O que você quer para os seus novos alunos?



“... A questão é que a nossa pressa e o nosso excesso de certezas criam problemas para nossa audição" (extraído de “Se a minha mesa falasse”, de Ricardo Spíndola Mariz) - que tal fazer do famigerado diário de classe um verdadeiro diário de bordo e companheiro de reflexão? Um espaço para respirar e pensar sobre o que acontece de verdade a cada dia com aquelas pessoas que vão lá para aprender com você?

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