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terça-feira, 24 de julho de 2012

O importante não é a tecnologia, o importante são as pessoas.

Dolors Reig

O importante não é a tecnologia, o importante são as pessoas. Se as pessoas são tão importantes, como são as pessoas que estão conectadas.  São importantes, mas em que sentido? 

A psicóloga social argentina Dolors Reig se apresentou no “Congreso Web 2012”. Aqui vamos tratar um pouco sobre o foi falado por essa especialista que recentemente publicou seu último livro “Socionomia” que aborda os impactos das redes sociais no comportamento pessoal e social. 

Há pessoas que acreditam que as pessoas que passam muito tempo conectadas desenvolvem a Síndrome de Asperger, que são como autistas, mas menos. Isso é um absurdo, na opinião de Dolors. A internet socializa ainda mais as pessoas. Vivemos em uma sociedade aumentada, cheia de possibilidades. 



Usar a internet não impede as pessoas de socializarem ao vivo com outras pessoas e lugares. Podemos fazer o que for melhor, o mais adequado em determinados momentos e o que tivermos vontade. Pessoas que se isolam fazem isso naturalmente sem a internet, e podem utilizar qualquer recurso para potencializar uma tendência, como o álcool, games, livros, religião, etc. Não somos tão nem tão individualistas como nos fizeram acreditar os sistemas capitalistas, nem somos tão envolvidos/agregados como os socialistas propõem. Dependemos todos da comunidade. Temos um ego, temos personalidade e temos que mostrá-la. Estamos chegando a um indivíduo que se equilibra e sintetiza os dois polos, conforme suas necessidades e vontades.

Estamos conectados permanentemente com nossa família, amigos, conhecidos e colegas profissionais.

“El cambio constante puede parecer difícil de gestionar por los cérebros humanos pero no lo es desde el punto de vista de una tecnología com  capacidad de computación cada vez más aumentada. No siempre sabemos entender las tecnologías como auxiliares, no sólo culpables del cambio sino también como los complementos perfectos para entender y sobre todo aprovechar las crecientes posibilidades de una sociedad que en general creo cada vez mejor. Tecnocondria, lo llaman algunos autores, seguramente confuertes componentes de Tecnovértigo...” (Entrevista original publicada em Oxigen, em El caparazón, 2010)

Tecnofobia, Tecnocondria.  Hiperlocal. 

As pessoas não entendem as novas tecnologias e se sobrecarregam cognitivamente e então aí sim as tecnologias acabam sendo prejudiciais, gerando todo tipo de barbaridades e críticas contra o seu uso.

Ocitocina e e-conexão. 

Ocitocina é o hormônio do amor. É tão potente que as mulheres liberam quando têm filhos, os homens também, e liberam em situações iguais de familiaridade e amor. Tudo isso se reproduz igualmente na rede, quando alguém está conectado com alguém querido ou conhecido, temos as mesmas reações que temos quando temos esse contato ao vivo. Somos seres extremamente sociáveis. Estamos sempre nos relacionando e em contato, e na internet isso se intensificou, e não o contrário como pensam muitos. 



Dolors apresenta para nós um experimento com uma criança de 3 anos em que se derruba algo perto dela, e ela ajuda a pegar imediatamente porque somos seres solidários por natureza. É nosso instinto ser solidário até os 3 anos, mas depois disso as coisas podem mudar conforme a educação que recebermos ou os hábitos que adquirirmos.

É comprovado que quando temos pessoas felizes ao nosso lado somos mais felizes, deixamos de fumar quando amigos próximos e queridos deixam de fumar. E assim por diante, engordamos, emagrecemos, etc. Somos muito pouco independentes perto do que pensamos ser.  E essa solidariedade tem se estendido ao planeta e a forma como lidamos com o meio-ambiente. Os jovens atualmente valorizam tudo o que for sustentável e alternativo, mesmo que precisem pagar um pouco mais por um serviço ou produto. 



Mesmo antigamente com as primeiras tecnologias como a televisão, as pessoas falavam com a TV, se apegavam às histórias de rádio e aos personagens, sempre interagimos com as tecnologias, porque somos humanos e acabamos humanizando as máquinas. Não queremos ser sozinhos. Ligamos a TV ou o rádio para não nos sentirmos sozinhos, sempre foi assim. 

A internet e as redes sociais são hoje as novas ágoras públicas.

A cooperação, a inteligência coletiva está em toda a parte hoje. Isso é interação. As pessoas têm trabalhado de forma “Linux”, de forma “Wikipédia”. Os filósofos contemporâneos e europeus tendem a ser um pouco pessimistas quanto a essas mudanças e acreditam em um isolamento das pessoas estratégico e capitalista com o intuito de consumirmos cada vez mais.  

Mas Dolors crê que é justamente o contrário, essas mudanças provam a falência do sistema capitalista, e uma nova sociedade está surgindo, uma sociedade aumentada, mais colaborativa, mais coletiva e que está caminhando cada vez mais para intensificar essas características. No entanto, as pessoas ainda estão aprendendo com as mudanças. Ainda existem muitos órfãos que ficaram para trás. Então podemos deduzir que o indivíduo conectado é mais misto, é mais inteligente (individual e coletivamente), mais informado e mais justo. A atitude 2.0 engloba transparência, autenticidade, sinceridade e participação. 

Dolors Reig

Não somente somos animais sociais, mas também nos indignamos e opinamos por natureza.  Tendo informação as pessoas podem agir, porque se solidarizam juntas e se revoltam juntas também. E dessa mesma forma são capazes de perceber o que está errado e precisa ser mudado, e que não estamos sozinhos, podemos somar forças para inovar e trabalhar em qualquer projeto. E isso acontece na política, na educação, como em qualquer área de nossas vidas.

Basta observar a web e perceber como as pessoas opinam, descobrem informações utilitárias e compartilham com as pessoas, como se solidarizam e igualmente se ressentem com notícias sobre corrupção, violência, desastres etc. Essa é a sociabilidade que precisa ser alimentada e incentivada para que essas informações sirvam como impulso para mudanças e realizações em todos os âmbitos possíveis. Ainda vemos muitas pessoas absorvendo informação e se sobrecarregando, sem saber exatamente o que fazer com tantas novidades. Uma das duas principais funções que podemos enxergar nessas novidades, são o seu uso para potencializar a educação e a fomentação do conhecimento. 



Assista a palestra de Dolors Reig aqui. =)





terça-feira, 17 de julho de 2012

Acesso gratuito à investigação científica britânica

Não seria ótimo e mais coerente se o trabalho de pesquisa científica realizado a partir de financiamento público fosse “devolvido” à população em forma de acesso gratuito? Pois é, pelo menos na Inglaterra isso já está em andamento. Depois da internet a maior novidade dos tempos será a disponibilização gratuita da pesquisa científica feita a partir de financiamento público, até 2014. A novidade é tão boa que vamos reforçar: A ideia é que trabalhos de pesquisa, que praticamente são pagos pelo contribuinte britânico, estejam disponíveis gratuitamente na internet para universidades, empresas e indivíduos que pretendam utilizar para qualquer finalidade, onde quer que estejam no mundo.

David Willetts, o sombra do Secretário de Estado da Inovação, Universidades e Habilidades na Inglaterra, em uma entrevista com o Guardian, disse que espera uma transformação completa e benefícios maciços para a educação aberta ao longo dos próximos dois anos. A mudança reflete uma onda de apoio para o "acesso aberto" de publicações entre os acadêmicos que há muito tempo protestam que os editores de revistas lucram enormemente, bloqueando o acesso a pesquisa por trás de paywalls online. "Se o contribuinte pagou por esta pesquisa para acontecer, então o trabalho não deve ser colocado atrás de um paywall antes de um cidadão britânico poder lê-lo", disse Willett.

David Willetts

Esse processo levará um tempo e custará uma quantidade razoável de investimento utilizado dos próprios fundos do orçamento da ciência, cerca de 50 libras por ano. No entanto, as universidades pagam atualmente cerca de 200 libras por ano com assinaturas de revistas. Sob o novo sistema as universidades irão pagar em torno de £ 2.000 por artigo.

É uma mudança que vai lidar com muitos fatores positivos, negativos e incertos, como por exemplo:

Apesar do forte investimento financeiro do início que representará um desfalque no orçamento científico, a previsão futura é de economia.
A iniciativa é um banho gelado para editores e associações culturais que vivem da venda das assinaturas de revistas.
Ao fazer tal movimento no sentido de acesso aberto antes de outros países, a Grã-Bretanha (que produz apenas 6% da pesquisa mundial) estará dando a sua investigação de graça, mas ainda precisará pagar pelo acesso a artigos de outros países.
Já existe iniciativa semelhante nos Estados Unidos, no National Institutes of Health.
Existe o risco de a Grã-Bretanha perder projetos de pesquisa enquanto ocorre essa transição incerta com a publicação de acesso aberto.

Clovis Ricardo Montenegro de Lima e Rose Marie Santini Oliveira, no III Congresso Online – Observatório para a CiberSociedade: conhecimento aberto sociedade livre de 2006, refletiram que "o compartilhamento de informações é uma forma privilegiada de interação social, que possibilita a construção de modos de organização inteligentes e generosos, e modos de produção que podem não depender dos interesses mediadores do capitalismo. O código aberto dos softwares livres é um exemplo de relação social produtiva, na qual a informação e o conhecimento podem ser produzidos, disseminados e usados de modo compartilhado. A combinação do código aberto com as licenças criativas garante que o processo de produção colaborativa não se interrompa com a apropriação privada dos seus produtos. Cria-se uma densa esfera de domínio público. As formas colaborativas de produção podem derivar da cooperação imanente ao trabalho imaterial em rede. Estas colaborações são particularmente importantes para a singularização da subjetividade e a produção de modos autônomos de vida".



Stevan Harnad, professor de eletrônica e ciência da computação na Southampton University, disse que o governo estava enfrentando uma conta cara no apoio ao acesso aberto de ouro sobre o modelo de acesso aberto verde. Ele disse que universidades e financiadores de pesquisa tinham sido os líderes mundiais no movimento rumo ao acesso "verde" aberto que requer pesquisadores de auto-arquivamento de seus artigos de revistas na web, e torná-los livres para todos. As recomendações do Comité da professora Dame Janet Finch, uma socióloga da Universidade de Manchester, olham superficialmente como se estivesse apoiando o acesso aberto, mas na realidade eles são muito preconceituosos em favor dos interesses da indústria editorial sobre os interesses de pesquisa no Reino Unido". Interesses econômicos versus conhecimento e liberdade. Quem vai ganhar?



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