quarta-feira, 4 de julho de 2012

M-E-T-A-M-O-R-F-O-S-E

Sobre o encontro com Edgar Morin no Sesc Consolação



"O brilho do fogo no alto, no céu, tem um longo alcance, iluminando e tornando manifestas todas as coisas (IChing) - Que o brilho e a vitalidade das ideias de Edgar Morin, aos 91 anos, em sua palestra ao vivo no Sesc ontem a noite, ilumine o dia de todos nós. Uma nova ordenação é necessária, que é mais do que uma simples reforma. Trata-se de uma metamorfose que se estende a todos os setores da existência, ao mesmo tempo. Vida pessoal, social, profissional, econômica, moral, política e espiritual - todas as dimensões terão que encontrar novos padrões, por mais improvável que isso possa parecer. É no território do improvável, do impossível de hoje que o novo surge com toda sua força. Então, mais do que nunca, desafiar o estabelecido é preciso". Daisy Grisolia, pesquisadora na área de educação e tecnologia.

Edgar Morin nasceu em Paris, em 1921, é um sociólogo e filósofo francês. No dia 03/07 Morin tratou sobre o tema “Consciência Mundial: por um conceito de desenvolvimento para o século XXI” no Sesc Consolação, em São Paulo/SP.

Em uma era onde se pode ter acesso a tudo, os saberes estão dispersos. Os seres humanos também. Morin nos alerta para a falta de unicidade da espécie humana e um individualismo exacerbado que leva a uma morte lenta da solidariedade. O coletivismo é interação, contato, conversação e essas são as melhores maneiras para que possamos lidar com os medos, as angústias múltiplas e os problemas da vida. A reflexão de Morin está relacionada ao que Zigmunt Bauman trata em seu livro “Modernidade Líquida”, em que nos diz que as pessoas têm procurado por exemplos e não mais por líderes, querem resolver tudo sozinhas, tornarem-se autossuficientes. Existe uma grande dificuldade em transferir as questões privadas de interesse público para a esfera pública. No entanto, uma parte considerável de pessoas já percebeu o perigo e entendeu que uma “sociedade em rede” precisa do trabalho coletivo, do compartilhamento, de comunidade de união. 

“Se você não procurar o inesperado, você não o encontrará”. Heráclito

Toda mudança causa medo, mas Morin nos relembra que no passado a humanidade mudou de caminho várias vezes. “'Todas as mudanças são modestas e se espalham pelo mundo, e por isto, não devemos nos desesperar. O pior nunca é uma certeza”. As três maiores religiões do mundo iniciaram-se a partir de mensagens isoladas, individuais que conquistaram o mundo. A tendência em continuarmos inertes é que o planeta caminhe para uma catástrofe e um abismo de egos. Precisamos reaprender a resolver problemas básicos (tanto das nossas vidas quanto problemas mundiais socioeconômicos) que dependem do trabalho em equipe e do olhar pela janela, uma janela que pode ser a tela de um computador, mas com um propósito diferente do que apenas seguir a maré. Exemplo disso foi o recente RIO+20, um fracasso já esperado devido a ausência de consciência dos estados acostumado a olhar somente para o próprio umbigo. 

“A internet é a oitava maravilha do mundo. Fantástico receber esse riquíssimo conhecimento, sem sair de casa. (...) A internet não deve eliminar o mestre, o professor, o contato, o afeto deve continuar, uma relação de troca de conhecimento. Com certeza algo de novo surgiu no planeta com a Internet, uma espécie de sistema neuro-cerebral - essa força desenvolve o melhor e o pior. A internet é ambivalente. Isso nos obriga a sermos mais vigilantes e inteligentes para desenvolver o melhor e não o pior dela”, diz Morin.



Esse novo tipo de sociedade, tão necessário, começa por nós. Estamos mal acostumados a esperar a mudança de fora, a esperar que alguma mídia noticie em primeira mão e legitime depois para que aceitemos submissos. Desde cedo entramos na sociedade e começamos a ser domesticados - socialmente domesticados. "As crianças passam por uma domesticação sociológica, o que adormece as suas capacidades criadoras”. Todos os pequenos riachos desaguam em um grande rio. Precisamos fluir para um grande rio de águas coletivas, encontrar forças criadoras, sintonizar com as mudanças disruptivas e caminhar lado a lado, parar de correr e competir cegamente. Muita gente não sabe por que está correndo ou para onde. Alguém começa a correr e todos de repente estão fazendo o mesmo. Estamos perdendo a visão do horizonte.



"Estamos usando as fantasias dos nossos avós. Ou trocamos de roupa e nos salvamos, ou fingimos que não é conosco e deixamos para a próxima geração". - Lígia Batista (1988)

E então, vamos continuar parados?



Assista o vídeo completo da palestra feita por Edgar Morin, no Sesc Consolação no dia 03/07/12. Clique aqui.






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