quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A progressão continuada é a vilã da história?



Desde 1998 as escolas públicas no Estado de São Paulo adotaram a “progressão continuada” (ou como é mais conhecido “aprovação automática”) como procedimento que permite que alunos avancem para as próximas séries de ensino sem interrupções, mesmo que não tenham atingido notas altas.
O método de progressão continuada surgiu na década de 1960 e é fundamentado no fato de que o ritmo de cada aluno é respeitado, que a avaliação é realizada continuamente e durante todo o ano letivo e que dessa forma a autoestima do estudante é preservada. Existem alguns projetos em andamento para a otimização desse procedimento como, por exemplo, avaliações intermediárias mais aprofundadas e reforço na recuperação.
A progressão continuada é considerada uma experiência de sucesso em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, todavia sabemos que são países com um nível de educação muito acima do nosso.
Esse procedimento vai contra a reprovação do aluno, e baseia-se no fato de que apenas reprovar e fazer com que o aluno “repita o ano” não resolverá suas dificuldades. No entanto, permitir que ele siga em frente e chegue até a universidade com deficiências educacionais básicas em leitura, interpretação, escrita e matemática, resolve?
A base estrutural não sofreu modificações consideráveis e essa aprovação automática tem levado cerca de 30% dos alunos a chegar até a sexta série do ensino fundamental sem saber ler ou escrever.
Em toda a rede pública estadual e municipal de São Paulo a progressão continuada é obrigatória, no entanto, cerca de 41% das escolas estaduais ainda trabalham com ciclos no Ensino Fundamental. NA Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Tocantins, todas as escolas são organizadas por séries, enquanto no Paraná e em Minas Gerais, existem escolas que trabalham com os dois sistemas. Os ciclos e séries possuem durações diferentes em cada estado.
Mas qual é a diferença entre ciclo e série? A divisão do ensino por ciclos dá uma ideia de mais tempo para ensinar todo o conteúdo e maior liberdade para inserir novos assuntos, respeitando cada turma, pois cada um aprende em um ritmo e cada grupo pode avançar mais ou menos. A divisão por séries é mais limitada em conteúdos programáticos fechados e tem uma duração anual. O sistema em série obriga a todos aprenderem a mesma coisa ao mesmo tempo sob a “pena” da repetição do ano escolar.
O que acontece na realidade é que todo o conteúdo, a formação dos professores e o sistema de avaliação ainda estão estruturados para o sistema em série. Para que o sistema tenha sucesso é preciso que a avaliação seja realizada continuamente e um sistema de reforço e recuperação esteja sendo desenvolvido paralelamente para auxiliar os alunos com dificuldades.
De acordo com o Censo Escolar de 2006, os ciclos são responsáveis por cerca de 9,2% de reprovação e 5,3% de evasão. Já a divisão por séries apresenta 15,5% de reprovação e 9,1% de evasão. De acordo com os “números” o sistema de ciclos parece otimista.
Os números fornecem estatísticas animadoras, mas o que realmente acontece é que os alunos com dificuldades passam de ano e carregam suas dúvidas consigo até a universidade.


O acesso às universidades privadas tem sido cada vez mais frequente devido aos baixos preços e ao aumento contínuo do número de vagas.
Resultado do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “O Censo coleta informações sobre as Instituições de Educação Superior (IES), os cursos de graduação e sequenciais de formação específica e sobre cada aluno e docente, vinculados a esses cursos”. (Fonte)
Em 2009 o ensino público e privado, juntos, somavam 5,9 milhões de matrículas.


Erros de ortografia, dificuldades para interpretar textos e escrever ou expressar-se com coerência, são alguns dos problemas encontrados em estudantes que compõe os mais de 4 milhões de matriculados em cursos de graduação da rede privada de ensino superior. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, desses 4 milhões, 783.242 estudantes são concluintes. Entre 2009 e 2010 o número de matrículas aumentou em mais de 300 mil, embora a quantidade de concluintes tenha diminuído.
“A popularização do ensino superior, com a abertura indiscriminada de faculdades ávidas por explorar um público de baixa escolaridade - que não consegue ingresso nas universidades de prestígio, mas sabe que o diploma é uma espécie de passaporte para melhorar o salário -, é vista como um dos fatores principais do fenômeno. Essas escolas, concluem os especialistas, se adaptaram confortavelmente a um mercado consolidado, e só reagirão diante da exigência sistemática por melhor qualidade, que deve vir do governo e dos próprios alunos”. (O Estado de S.Paulo)
Mas e na prática como esses alunos “aprovados” no ensino fundamental e médio, que chegam às universidades, concluintes e diplomados, são avaliados pelo Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional)?
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