Nos últimos anos, Michel Trucano, especialista em Educação e
TI, trata em seu
artigo “Dez coisas sobre o uso do computador nas escolas que
você não quer ouvir (mas eu vou dizer assim mesmo)” sobre a utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação na educação. O grupo de profissionais que
trabalha nessa área é altamente conectado e essa rapidez, interação (com baixo
custo) propiciou e assegurou um compartilhamento maior de boas práticas e
ideias sobre o tema.
No entanto, segundo Michel, muitos profissionais colocam
computadores à disposição de crianças e jovens e apenas esperam a magia
acontecer. Mas a realidade foi sendo temperada por experiências que trouxeram
de volta o debate de como se devem utilizar as TICs em sala de aula.
Debater a questão é extremamente importante, “o fato de que
todos concordam sobre quase tudo nem sempre é uma coisa tão boa. Opiniões
divergentes e as vozes são importantes, mesmo que apenas para nos ajudar a
repensar porque acreditamos no que acreditamos”. O debate é o espaço em que
podemos trazer a tona as questões e dúvidas, conhecer novos pontos de vista,
aprendendo mais e ampliando nossa visão. Podemos descobrir que aqueles que
divergem de nós estão certos e nós errados, ou o contrário, ou ainda descobrir
que todos estão equivocados.
Um dos dilemas analisados por Michel foi um episódio
ocorrido no Caribe. Foram comprados muitos computadores e colocados nas
escolas, no entanto faltou treinamento e suporte para que os professores
pudessem otimizar o seu uso. Ao mesmo tempo oferecer capacitação e treinamento
para os professore poderiam emigrar em busca de novas oportunidades e de
empregos que paguem melhor, inclusive em outros países. E então, como resolver
isso?
Bem, existem dez coisas que ninguém quer saber sobre a
utilização dos computadores em sala de aula, mas deveriam. São elas:
1. Laboratórios de informática são uma má ideia
Parece a coisa mais óbvia a se fazer, mas isso não basta
para afetar diretamente o processo de ensino-aprendizagem em disciplinas
básicas. Os computadores deveriam estar dentro das salas de aula. Na verdade o
autor não quer afirmar categoricamente que montar laboratórios de informática
sejam uma má ideia, mas sim que fazer só porque todos estão fazendo é começar
com o pé esquerdo.
2. Aulas de alfabetização em TIC são uma má ideia
Muitas pessoas não concordam em colocar computadores para
que as crianças aprendam suas funções básicas em uma “aula de informática”.
Essas pessoas propõem uma utilização e aprendizagem da informática de maneira
contextualizada e mais natural, já que as tecnologias mudam e sofrem inovações
constantemente, é necessário permitir ao aluno que entre em contato com o mundo
das TICs e não apenas do computador, pois se trata de um universo maior e que
não se resume a uma máquina e seu funcionamento apenas.
3. Não se apegue tanto aos resultados de testes sobre as
metodologias utilizadas
A avaliação das metodologias deve ser feita de modo mais
aberto, mais amplo e que seja aceito o desafio de realmente olhar para como os
computadores estão sendo usados nas escolas.
4. O que os alunos fazem fora da sala de aula com a
tecnologia é mais importante do que o que eles fazem lá dentro
“Até que ponto você está ciente de como os estudantes estão
usando a tecnologia fora da escola, e está usando esta informação como insumo
para suas decisões sobre como isso tem sido feito para ser usado no apoio aos
processos formais de aprendizagem em que suas escolas estão envolvidas?”, nos
diz Michel. Ter essa avaliação e esse olhar amplo é fundamental para estudar a
realidade dos alunos.
5. Cidadania digital e segurança da criança serão uma parte
importante do que as escolas ensinam
É necessário que as escolas estejam bem posicionadas para
ajudar a ensinar as crianças a melhor identificar e avaliar os vários tipos de
riscos que podem enfrentar quando acessam a web, e como lidar com eles. A
maioria das crianças e jovens que possuem acesso à web operam esse acesso
também por telefones celulares e tablets, ou seja, estão acostumadas a viver
entre os dois mundos, um controlado pela escola (no laboratório de informática,
por exemplo) e outro em que ele é livre para escolher. O que é preciso orientar
a essas crianças e jovens? É necessário ajuda-las a conhecer os perigos,
desenvolver o senso crítico e as habilidades para uma navegação produtiva, segura
e empolgante.
6. A maioria das crianças não são 'nativos digitais'
Saber usar um buscador envolve muito mais do que digitar uma
palavra e recuperar alguns resultados possíveis. As crianças da
contemporaneidade, por exemplo, são consideradas nativas digitais, e elas têm
desenvolvido um conjunto de habilidades a partir de sua exposição e utilização
das TICs. As crianças possuem uma facilidade e aprendem rapidamente a usar as
tecnologias. Certo, mas isso não quer dizer que elas sabem “realmente” como aproveitar
as tecnologias de maneira que sejam relevantes para suas vidas, e que
potencializem seus talentos.
7. Você nunca vai alcançar as inovações tecnológicas, sempre
estamos um passo atrás
Michel nos relembra que os sistemas de ensino são uma das instituições
mais conservadoras que existem, e quando falamos de políticas públicas na
educação temos que considerar um tempo enorme em que são feitas muitas
considerações sobre o uso das TICs no processo do ensino-aprendizagem. Isso faz
com que estejamos sempre um passo atrás.
No entanto, é importante sim existir planejamento para
orientar as decisões sobre um tema que está mudando constantemente. O que não
se deve fazer é deixar de planejar e tentar só porque as tecnologias mudam e
inovam sempre. É preciso lembrar também que em uma era 2.0 o “planejamento”
orienta as decisões, no entanto, na prática é essencial desenvolver a arte da
improvisação para lidar com imprevistos, além de não se criar a ilusão de que
tudo o que foi planejado irá se cumprir tim tim por tim tim.
8. As trapaças podem aumentar
A internet permite um compartilhamento livre de informações
e isso acarreta alguns problemas com vazamento de dados e informações.
9. Goste ou não, os telefones celulares (e outros
dispositivos móveis como tablets) estão chegando!
Os dispositivos móveis aumentam cada vez mais suas
potencialidades e são pequenos computadores nas mãos e bolsos de milhares de
crianças e jovens no mundo todo. A escolha da tecnologia deve fluir a partir de
uma consideração de vários fatores (o que está disponível, o que é acessível, o
que é utilizável, o que é apropriado, e a maior e mais importante questão: o
que é relevante para um aprendizado particular ou para o objetivo de
desenvolvimento).
10. ....
Sim, o item número dez está vazio. Michel nos lembra que
essa brincadeira reconhece que há muito ainda o que se aprender sobre a
utilização das TICs em sala de aula.